Mas o que você vai fazer no meio do deserto?
Mal sabe a pessoa que faz esta pergunta que estamos falando de uma região de mais de 100.000 km² no norte do Chile que abriga uma incrível diversidade de maravilhas naturais. Dessas de encher os olhos, sabe? Mais do que isso: o Deserto do Atacama tem uma energia única, que proporciona uma série de experiências pra lá de especiais!
Hoje entendo perfeitamente porque um amigo meu sempre me falava sobre esta região com tanto entusiasmo. Não que eu não acreditasse no que ele dizia, mas eu não podia conceber tamanha beleza. É realmente encantador! Acho um insulto à Pachamama (Mãe Terra) um ser dotado da razão e senso crítico cumprir a sua passagem pela Terra sem conhecer uma maravilha dessas!
Ok, dramatismos à parte, você vai entender do que estou falando, pois vou lhe mostrar 7 motivos para se apaixonar pelo Deserto do Atacama!
1. Expandir o seu conceito de natureza
Quando pensamos em “natureza”, não raro nos vem à mente uma paisagem com muitas árvores, talvez um rio e algumas cachoeiras – algo que se assemelhe à Mata Atlântica ou à Floresta Amazônica. Não é verdade? Por que temos uma visão tão limitada das coisas? Porque não conhecemos lugares suficientes por aí. Quando vemos as coisas com esses olhos que a terra há de comer, a nossa percepção e sensibilidade sobre elas ficam mais aguçadas.
No Atacama, você entra em contato com um tipo completamente diferente de natureza, ao qual – pelo menos nós brasileiros – não estamos acostumados. Acredito ser este o primeiro choque de realidade pelo qual a pessoa passa ao visitar este deserto: dar-se conta de que a natureza é incrivelmente mais complexa do que “mato”. E então percebemos quantas coisas estamos perdendo por aí, e nos faz querer conhecer mais e mais do mundo.
2. Descobrir a diversidade do deserto mais seco e alto do mundo
Quando pensamos em “deserto”, imaginamos logo um cartão postal do Deserto do Saara. Temos uma ideia de um lugar inóspito, inabitado, vazio. Acontece que nem todo deserto se resume a um mar infinito de areia e um sol de rachar, e o Deserto do Atacama está aí para corroborar a magnífica diversidade possível de se encontrar neste ecossistema. Sua fauna também é rica e um tanto quanto diferente do que conhecemos: flamingos, lhamas, alpacas, vicunhas, viscachas, emus, burros selvagens…
Curiosamente, a cada tantinho que se ande mais para lá ou mais para cá no Atacama, a paisagem muda drasticamente de configuração. Salares (desertos de sal) de diversas cores, lagoas tão azuis quanto salgadas, dunas de areia fina, imensos vales rochosos – com rochas minúsculas e gigantes – plantas herbáceas variadas, gêiseres e vulcões são apenas alguns exemplos das maravilhas naturais que podemos encontrar no deserto mais seco e mais alto do mundo.
Valles de la Luna, de la Muerte e del Arcoiris
Lagunas Chaxa, Altiplánicas (Miscanti e Miñiques), Cejar, Tebinquiche, Ojos del Salar
Salar do Atacama e de Tara
Termas de Puritama
Geysers del Tatio
Vulcões Licancabur e Juriques
3. Encantar-se com San Pedro de Atacama
Uma rua de terra principal (Calle Caracoles) e suas mais ou menos 5 travessas. É nisso que consiste a pequenina e encantadora cidade de San Pedro de Atacama – ponto base para visitação do deserto. Apesar do tamanho diminuto, a cidade é incrivelmente bem provida de serviços dedicados ao turismo.
Quase que literalmente no meio do nada, você encontrará uma cidade recheada de:
- Muitas opções de hospedagem, incluindo hotéis e hostels
- Agências de turismo a perder de vista
- Pessoas locais muito simpáticas e, no mínimo, bilíngues – muitas inclusive falam português
- Restaurantes desde o estilo “PF no boteco da esquina” até o tipo luxuoso para um jantar romântico ou em família
- Sorveterias
- Lojas de aluguel de bicicletas
- Lojas de artesanato
Seja você um viajante solo, em casal, família ou amigos, jovem ou na melhor idade, San Pedro de Atacama certamente terá o acolhimento na medida certa para você.
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4. Conectar-se a diversas culturas
Viver no deserto mais alto e seco do mundo não é para qualquer um. Tem que ter habilidade! E uma série de adaptações. As marcas da cultura atacameña tradicional são visíveis nos pequenos povoados da região, como por exemplo Toconao e Machuca. Pode-se também visitar as ruínas desta civilização pré-colombiana no sítio arqueológico Pukará de Quitor – proclamado monumento nacional em 1982 – a apenas 3 km de San Pedro de Atacama.
Sobre os costumes tradicionais do povo da região, uma prática muito comum é o consumo da folha de coca na prevenção do mal de altitude, bem como tomar o chá feito dela. Se o calor do dia – quando as temperaturas atingem a marca dos 35ºC – pedir algo mais refrescante, você pode tomar até sorvete desta planta em San Pedro. Outro hábito alimentar comum é o consumo da carne de lhama.
Além da cultura local, você se depara em San Pedro de Atacama com uma verdadeira salada cultural: é gente de tudo que é canto do mundo, de todas as idades e estilos de viajar.
5. Observar o melhor céu do mundo
E não sou (apenas) eu que estou dizendo. O Deserto do Atacama é considerado um dos melhores locais do planeta – quiçá o melhor – para observar o céu. Uma extensa área isolada – isto é, sem interrupções de montanhas e cidades, e, portanto, sem poluição luminosa – é o palco perfeito para se viajar no céu do hemisfério sul. É possível ver mais planetas, constelações e – prepare a lista de pedidos – estrelas cadentes do que nunca!
Algumas agências realizam saídas noturnas para observação do céu de um ponto mais afastado de San Pedro de Atacama, mas uma empresa em especial é mais procurada, pois conta com o maior observatório público da América do Sul. Ele possui 10 telescópios, que ficam já estrategicamente posicionados para captar as melhores imagens. Mas atenção! Este tour é bastante concorrido, há poucas vagas, e o passeio não acontece nas noites nubladas (o que é raríssimo) e de lua cheia. Saiba mais sobre a SPACE – San Pedro de Atacama Celestial Explorations.
Nota mental: Foi justamente no Deserto do Atacama que construíram o maior projeto astronômico do mundo: o telescópio ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), um instrumento revolucionário no campo da ciência, que contou com esforço da comunidade científica global para seu desenho e engenharia. Este projeto está abrindo uma série de portas (ou seriam janelas?) aos estudos sobre as origens e os porquês do Universo.
6. Explorar sensações novas
Este é um dos principais motivos pelo qual me apaixonei pelo Atacama: a possibilidade de experimentar um monte de sensações novas ao nosso corpo. Foi lá que descobri:
Extremos de temperatura em um mesmo dia: É sabido que nos desertos faz muito calor durante o dia e muito frio durante a noite. O Atacama, com sua amplitude térmica média de 50ºC, dependendo da época do ano e da região, é um verdadeiro desafio ao corpo. Recomendo.
A altitude elevada: Desafiar o nosso corpo à baixa disponibilidade de oxigênio é uma experiência interessante. Nem todos sofrem do chamado mal da altitude, mas sentir falta de ar ao se movimentar com mais vigor é inevitável. Isso quando um simples abaixar para amarrar os sapatos não lhe dá barato! Recomendo.
A sensação de não conseguir afundar: Dizem os locais que a Laguna Cejar é mais salgada que o Mar Morto. Se é mesmo ou não, não importa, ela é salgada pra caramba! O suficiente para arder o rosto e fazer você flutuar com a maior facilidade, quase não sendo possível afundar. É divertidíssimo! Recomendo.
O verdadeiro silêncio: A total ausência de ruídos, seja de origem humana, seja de origem da natureza. Silêncio absoluto, do tipo que é possível escutar uma rocha de sal estalando. É aí que percebemos o quanto somos perturbados com inúmeras interferências ruidosas na nossa vida – e o bem que o silêncio, com todas suas interpretações subjetivas, faz. Recomendo.
Experiências que nos tiram da nossa zona de conforto, por mais simples que sejam, nos causam aquele friozinho na barriga necessário para vermos as coisas sob outra perspectiva, o que só faz abrir mais a nossa cabeça. Resumindo: permita-se experimentar, sempre.
7. Sentir-se em total sintonia com o universo e consigo mesmo
The last but not the least: este é um motivo um tanto quanto subjetivo, mas igualmente digno de nota. O Deserto do Atacama, para mim, é um lugar mágico. Foi lá onde tive, pela primeira vez, a sensação de ter entrado em verdadeira sintonia comigo mesma e com aquilo que chamo de energia maior do universo.
Em cada cantinho do deserto por onde passei, tive uma sensação – inédita e única: sentir-me parte de um todo imensurável em sua infinitude e beleza – e ao mesmo tempo, ver-me como um ponto completamente insignificante dentro disso. Saber disso, a gente sabe. Mas sentir com a alma é outra história. Não sei o que exatamente, na prática, me levou a este estado de êxtase espiritual. Mas sei que foi ali que tive o click que me levou a iniciar um incrível processo de autodescoberta. Senti-me viva, completa, plena.
Se por estes motivos, você ficou minimamente tentado a conhecer o Atacama, não pense duas vezes. Se não ficou, é para você que eu recomendo ainda mais: vá mesmo assim! Independente da intensidade desta experiência para cada um, certamente a magia do Atacama é inquestionável. Sou sua fã de carteirinha. E aposto que depois de conhecê-lo você vai ser juntar ao clube.
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Olá Laura, adorei o seu post meu marido e eu partimos pro Atacama em março/15 nosso grande interesse é pela astronomia mas é claro que faremos outras coisas. Então te pergunto podemos alugar roupas de frio em SPA ou teremos que levar tudo daqui ou comprar lá, não temos roupas com proteção térmicas e além disso devem ocupar um espaço…..Abraços, até……
Obrigada, Carla! Que demais, vocês vão amar!!
Olha, eu não me lembro de ter visto nenhum lugar de aluguel de roupas em SPA, mas vi uma loja da The North Face, se não me engano. Mas nem entrei, e sei que esta marca é bem cara.
O que acontece: fui em março também para lá, e o único momento que peguei frio extremo (-10°C) foi nos Geysers del Tatio (chegamos lá por volta das 6h da manhã). No Salar de Tara estava bem frio também (sensação térmica em torno de 5-10°C talvez), mas neste caso o que pegava mais era o vento gelado. Nas Lagunas Altiplánicas faz um pouco de frio, mas nada demais.
O importante para o frio extremo é ter roupas térmicas internas estilo segunda pele (calça e camiseta), além de uma jaqueta corta-vento quente (tem umas 3 em 1, com um fleece ou polar interno separável), e um bom par de tênis (quero dizer, um que não seja um All Star, por exemplo) ou botas e meias grossas. Se tiver uma Decathlon onde vc mora, vc consegue encontrar todas essas peças por preços bem melhores que as grandes marcas. E a qualidade é bem aceitável! Se é apenas para esta ocasião, não precisa de muito mais do que isso. Ah, cachecol, luvas e gorro são bem vindos nos gêiseres! Nos demais passeios, vc vai pegar bastante calor. Quanto ao espaço na mala, roupas térmicas são compactas, tênis vão no pé e jaqueta, na mão. Sem crise!
Se precisar de mais dicas sobre o que levar, consulte aqui a lista-coringa, pode te ajudar 🙂
Um abraço e boa viagem para vocês!
Olá Laura adorei usas dicas, anotei tudo. Mas me dá outra, vc acha bom levar um netbook para descarregar fotos, mandar noticias pra família…..
Obrigada.
Então, Carla, eu sou a favor de viajar o mais leve possível. Na minha opinião, apenas com um smartphone e um cartão extra de memória para a máquina (caso vc ache que um não será suficiente), vc está mais que bem preparada! 🙂
Olá Laura, estamos no Atacama desde terça feira (17/03) ? Ainda não fizemos muitos passeios sabe o motivo? Não para de chover no Atacama, sabe aquela coisa de raríssima, foi por água abaixo ahahahahaha, mas mesmo assim continua lindo. Abraços
Olá, Carla, não creio!!! Que sorte de presenciar um fenômeno tão raro! Tenho certeza que foi (ou ainda está sendo) ótimo, apenas um pouco mais molhado… hehehe bjos!
Oi Laura, tudo bem?
Ótimo o seu texto sobre o Atacama. Já fui duas vezes lá e pretendo ir à terceira pra subir o Licancabur. Assino em baixo de tudo que vc escreveu, é um lugar lindo, mágico, encantador e inesquecível.
Obrigado por esses 10 minutos de leitura que me fizeram relembrar cada canto, cada história, cada detalhe desse lugar maravilhoso que é o Atacama.
Continue trilhando seu caminho.
Até.
Thiago.
Obrigadão, Thiago! Que bom que vc ficou satisfeito com estes 10 minutos de leitura! hehe Fico feliz que eu tenha conseguido expressar em palavras o que é esse lugar maravilhoso. Continuemos trilhando nossos caminhos… grande abraço!
PS: Também tenho vontade de subir o Licancabur! 🙂
Oi Laura, que delícia encontrar esse seu post sobre o Atacama! Estive lá em fevereiro do ano passado e tenho que agradecê-la pela maestria como descreveu esse lugar fascinante. Penso exatamente como vc, o Atacama me fez rever muitos conceitos e pré-conceitos e me fez sentir mais viva que nunca! Vc realmente captou não só a beleza do lugar, como também sua verdadeira essência! Parabéns, ganhou mais uma fã! bjsss 😉
Daniela, me emocionei com suas palavras! Muito obrigada pela leitura e pelo comentário!! Super beijo :*
Oi Laura,
Estive em fevereiro deste ano e senti exatamente o mesmo!!
Incrível e indescritível a energia deste lugar, não?! É difícil explicar a quem não vivenciou o Atacama, mas só quem sentiu a energia daquele lugar sabe o que sentiu!!
Ótimo post!!! Faço das palavras do Thiago as minhas.. Obrigada por nos permitir reviver o Atacama com seu relato!!
Um beijo
Oi, Bruna! Que legal! É gostoso receber esses comentários assim, pois também me fazem reviver os momentos em que estive lá 🙂
Obrigada pelo carinho. Um beijo!
Oi Laura,
Adorei o post!! Preciso conhecer o Atacama uma hora dessas!! Só o quinto motivo já é razão para ir. Se minha experiência na Nova Zelândia já foi sensacional, imagino como deve ser essa.. pelo que estava olha do ela também é uma Dark Sky Reserve como Aoraki/Mackenzie na NZ
Olha só, não sabia, que legal! Vale muito a pena, Oscar! Sou fã do Atacama! Vá sim!
Obrigada pelo comentário! 🙂
Abraço
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