Cansei de viajar! (será que estou ficando velha?)

Cansei de viajar - 7 Cantos do Mundo

Cansei de viajar. Exagerei. Perdi a mão. Passei do limite.

“Você queria viagem? Então toma viagem!” – é o que provavelmente o Sr. Universo me disse, indiretamente.

Conforme eu comentei neste texto, nos últimos tempos eu andava me vendo em um paradoxo entre estar presente (estar “aqui”) e querer explorar um lugar novo (estar “lá”). Este conflito interno estava me causando muita angústia, por não conseguir me sentir plena “aqui e agora”. Cheguei a ter até uma certo nível de depressão. 🙁

Não sei dizer se foi efeito de toda a reviravolta que minha vida sofreu no último ano (sim, já faz mais de um ano que tomamos a decisão de sair do Brasil), se foi efeito do gélido e sombrio inverno dinamarquês, ou se foi algum outro pepino espiritual que eu não consegui desvendar. Ou se foi tudo isso junto e misturado mesmo (provável, eu diria).

Só sei que comecei a ficar numa ânsia de querer viajar o máximo possível – ok, até aí eu não sou diferente de você, provavelmente! hehe

A gente que curte muuuito viajar sempre fala essas coisas, né? “Ai, quero viajar o tempo todo!”. Mas, na prática, as coisas não são bem assim.

Eu quero dizer que comecei a tentar viajar o máximo possível mesmo. Tipo visitar em média um lugar novo (em geral, em outro país) por mês! Acabaram ficando muitas viagens em um curto período de tempo.

Só para te dar uma ideia, nos primeiros seis meses de 2017, nós viajamos para:

  1. Berlim – Alemanha (fevereiro)
  2. Budapeste – Hungria (março)
  3. Bucareste – Romênia (março)
  4. Bornholm – Dinamaca (abril)
  5. Plitvice – Croácia (maio)
  6. Gotemburgo – Suécia + Oslo – Noruega (maio)
  7. Stavanger – Noruega (junho)

Tá entendendo agora o tamanho do “problema”??

Nota mental: Por favor, não entenda isso como uma reclamação da minha parte, muito menos como um first world problem (o famoso “problema de rico”), beleza?

Lembrando que morar na Europa facilita, ou melhor, permite isso de viajar bastante, em termos de tempo e de dinheiro. O que se ganha aqui rende muito mais do que no Brasil. Nós trabalhamos e pagamos nossas despesas como quaisquer reles mortais. Obrigada, de nada.

Lembrando também que eu sou super mão de vaca e faço tudo no esquema low budget sempre que possível.

E não custa explicitar: tenho ciência do tamanho da minha sorte em ter tido essas oportunidades maravilhosas, e sou muito, mas MUITO grata por isso! Só para alinharmos, ok? 😉

Bom, vamos ao ponto.

As viagens se acumularam tanto que pareciam estar na agenda como um compromisso, um dever. Elas acabaram perdendo um pouco aquele “glamour” da coisa diferente, com um brilho especial, que acontece de vez em quando.

“Ah, lá vamos nós de novo”.

O viajar ficou (além de cansativo) um pouco, digamos, banalizado. E deveria, na verdade, ser encarado como um momento a ser celebrado! É ou não é?

Berlim - Alemanha - 7 Cantos do Mundo

Berlim – Alemanha | Foto: Laura Sette

Será que usei as viagens como uma fuga? Ou será que estou ficando velha?

Terá sido imaturidade minha – no caso, de não saber lidar com minhas ansiedades, com o impacto de toda as mudanças que aconteceram na minha vida nos últimos tempos? Será que me desesperei com o meu “aqui” e tentei fugir para “lá”, atirando para todos os lados?

Budapeste - Hungria - 7 Cantos do Mundo

Budapeste – Hungria | Foto: Alexandre Magno

Ou será tudo isso efeito dos 30 batendo à minha porta? Será que apenas estou me cansando mais por não ter mais o mesmo pique que eu tinha nos meus 20 e poucos anos?

Todo mundo diz que chegando nos 30 anos, tudo muda. (Tudo o quê, gente? O que que pode mudar tanto assim?)

Eu não me considero velha at all! Aliás, todo mundo me dá 20-e-alguns-poucos anos (amém, pessoas!), e eu continuo me sentindo a mesma menina sonhadora, ingênua, tonta, boboca que eu era com 12 anos.

Porém, alguma coisa estranha não identificada está se passando dentro de mim. Se tem a ver com a aproximação iminente da minha trigésima primavera, eu não sei. Só sei que tenho notado certas tendências em mim. Ando muito mais quieta na minha (ainda mais do que eu já era), (ainda mais) sem paciência para programas ou coisas tontas, não produtivas, com barulho, bagunça etc, e apreciando muito mais um lugar confortável para comer, tomar banho e dormir.

(Putz, estou velha, né? hahaha 😂)

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Rotina x Fora da rotina

Bom, se foi por fuga ou por velhice, eu não sei. Só sei que entendi uma coisa: viajar só por viajar, em excesso, não rola.

Pelo menos não nesse esquema que fizemos: ir (quase) sempre de avião (o que significa passar por todo aquele processo longo e chato de aeroportos), e ir sempre para lugares muito turísticos com muita coisa para fazer e pouco tempo, tendo que reservar hotel, pensar no roteiro mais otimizado possível e etc etc etc. Cansa só de pensar!

É diferente de passar um fim de semana na praia ou na montanha quando eu ainda morava no Brasil. Totalmente diferente! A pegada aqui foi muito mais frenética, pois a cada vez estávamos indo conhecer uma cultura totalmente nova! Foram tipo vários micro-mochilões.

Castelo de Peleş - Romênia - 7 Cantos do Mundo

Castelo de Peleş – Romênia

Enfatizo aqui a importância da contemplação da viagem como algo especial, fora da sua rotina. E que para contemplá-la como tal, é preciso tempo. E foi aí que eu pequei: não dei um intervalo suficiente entre uma viagem e outra.

Eu mal e mal estava conseguindo estabelecer uma rotina para que as viagens fossem algo diferentão. Quando começava a entrar nos eixos, “ops, tem viagem este fim de semana de novo”. E aí, pronto, desandava tudo.

E veja só você: descobri que a rotina também é (super) importante! Tem certas coisas, de hábitos produtivos (pessoais e profissionais), de saúde etc, que só acontecem quando temos uma rotina, não tem jeito.

Mas veja bem: tem que ser uma rotina da qual você goste, que faça sentido para você! E não uma rotina apenas pela rotina. Aí, encontrar o que faz sentido para você de modo que você o faça no seu dia-a-dia, já são ooooutros quinhentos! Papo para outro momento. 😉

Bornholm - Dinamarca - 7 Cantos do Mundo

Sensualizando (ou não) em Bornholm – Dinamarca | Foto: Alexandre Magno

Viajar vai muito além da viagem em si

O ponto principal nisso tudo – que foi o insight que eu tive – é que o viajar envolve não apenas o momento em que se está fora de casa passeando. Ele compreende também um período pré-viagem – de gestação da ideia e planejamento – e um período pós-viagem – de digestão da experiência.

E o que aprendi é que estes momentos são tão importantes quanto a viagem em si!

Parque Nacional dos Lagos Plitvice – Croácia | Foto: Alexandre Magno

Planejar dá trabalho, cansa, desgasta mentalmente (a mim, pelo menos). E depois da viagem, você precisa descansar, curtir as lembranças, as fotos, dar dicas pros amigos, escrever no blog…

Viajar muito seguidamente elimina essas etapas – além de  ser bem cansativo, física e psicologicamente.

Então, não entenda mal o título deste post. Viajar continua sendo a coisa que eu mais amo na vida, e que mais faz sentido para mim. Mas foram 6 meses intensos, em que quase não parei para respirar. Então, por ora, eu cansei.

Resumindo

Valeu a pena? Super!

Arrependo-me? Não, de forma alguma!

Farei diferente daqui pra frente? Sim – bem, esta é a minha resposta de hoje.

Pode ser que daqui a um tempo eu queira viajar freneticamente de novo, vai saber.

Aliás, eu quero! Mas daí será de pôr o pé na estrada mesmo (e aí já é outra pegada). Mas enquanto se tem uma vida normal (casa, trabalho, rotina), acho que a frequência das viagens têm de ser um pouquinho mais moderada.

Então, vou me dar um tempo gostoso de descanso, com direito a rotina: estudos, trabalho, exercício, alimentação saudável, Netflix, livros e zás.

Até porque tenho MUITA coisa do blog para pôr em dia 😛

Vou ficar quietinha no meu canto por um tempo (quanto? sei lá), e depois eu volto à ativa – afinal, sem isso, eu não sou eu.

Este foi apenas um desabafo-reflexão.

Que tal salvar este pin para consultar mais tarde? 🙂

E você, já passou por alguma situação parecida? Compartilha aqui com a gente nos comentários! 🙂

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

Comente! :)

20 ComentáriosDeixe um comentário

  • Que texto sensacional! Você não tá sozinha nessa, e inclusive ler essa reflexão me fez sentir melhor: nos últimos tempos a vontade que eu tinha de “viajar o mundo inteiro SEM PARAR” vem se acalmando (vai ver é uma certa paz que os 30 vem trazendo – também tô entrando neles! – e a nossa “nova” capacidade de saber dizer “não” pras coisas, e respeitar nossas vontades), e cedendo lugar a uma vontade de aproveitar onde estou (e não “pra onde vou”), e as pessoas que amo ao meu redor (e não só “conhecer novas culturas e novas pessoas”)!
    Acho que o nosso desejo de conhecer o mundo inteiro continua, mas agora ela é mais focada em de fato aproveitar esses lugares, com calma e muita paz. Obrigada por compartilhar essa lindeza!
    Beijos e boas viagens mais tranquilas e sem pressa!
    ps: Aaah, essa foto nos Lagos Plitvice… ❤ sempre me faz suspirar hahaha

    • Ai, pera que caiu um cisco aqui no meu olho! hahaha
      Lindeza foi esse seu comentário! Que bom que não estou sozinha! Talvez seja mesmo então um efeito da maturidade dando suas caras, né? TJ <3
      Sigamos explorando o mundo, mas com parcimônia (ô palavra bonita!). Devagar se vai ao longe, não é assim?
      GRATIDÃO pela leitura! Beijos!

  • Oi Laura! Entendo perfeitamente o que vc está passando. Quando tirei um tempo só para viajar, depois de alguns meses não aguentava mais. A rotina é sim super importante, e viajar por obrigação tira toda a graça. Não acho que seja a velhice, não! Rs mas apenas uma fase. Agora estou há um tempo sem pisar na estrada e sinto falta. São altos e baixos da vida. Beijos!

    • Oi, Amanda! Velhice é maneira de falar! hehehe
      Acho que eu senti mais esse cansaço justamente por terem sido viagens curtas, intensas, no meio de uma rotina não muito bem estabelecida, então eu senti que não estava fazendo nem uma coisa, nem outra direito, sabe?
      Mas tenho certeeeza que daqui a um tempo vou começar a me coçar toda pra cair na estrada de novo.. haha mas daí vou me programar com mais calma, menos ansiedades 🙂
      É isso aí, são fases. E temos que saber nos observar e respeitar nosso corpo e alma, né? 🙂
      Obrigada pelo comentário! Beijos

  • Amei o post! Velha? Que nada… tenho 41 e continuo com pique para viajar. Claro que viajamos bem, mas bemmmm menos do que fizeste. Este deve ser mesmo o segredo. Não fazer demais. Agora, que os gostos vão mudando, vão mesmo. Nada de barulho, mochilão, desconforto. Isso é verdade, hehehehe. Mas vamos viajar até os 98, guria. Disto tenho certeza, rssss. Beijos e boa rotina até bater aquela saudade de viajar… aí, ótima viagem!

    • Isso aí, Michela! Eu vou viajar até os 100, com certeza! hahaha Foi só um desabafo e uma breve reflexão que esta estafa causada pela correria toda me trouxe. Velha é maneira de dizer, pois percebo que estou bem diferente dos meus 20 e poucos anos quanto a gostos, tolerâncias e piques para certas coisas hehe
      Mas tô tranquila, sem crise 🙂
      Obrigada pelo comentário!! Beijos

    • Eu também sou assim, Carla, acredite! Mas eu quis pôr o carro na frente dos bois, e aí foi muito cansativo. Vale mais a pena moderar um pouco e aproveitar melhor cada viagem 🙂 Obrigada pelo comentário! Bjos

  • Acho que todo mundo que ama viajar não consegue ficar muito tempo sem arrumar as malas e partir. Acho que daqui a alguns dias você vai sentir falta!

    • Hehehe com certeza, Ana Carolina! Só preciso descansar dessa estafa! Depois voltarei a viajar, mas – como falei – em um ritmo mais moderado, degustando melhor de cada viagem 🙂 Obrigada pelo comentário! Bjos

  • Talvez esse cansaço seja mais relacionando em quer conhecer muitos lugares para depois contar aqui no blog, pensar em tirar a foto perfeita, chegando ao ponto de só fazer a viagem para depois ter historias para contar no blog. Isso acho que pode passar com todos os blogueiros de viagem.

    • Oi, Christian, não é bem por aí não. O viajar para mim, conforme comentei no outro texto que citei, é algo MUITO mais profundo. Algo que encaro como uma meditação, e que tem a ver com minha evolução pessoal e espiritual. Superficialidade nunca foi e nunca será parte de mim. Certamente eu tenho apenas estafa, pois foi tudo muito corrido. E, novamente, este foi apenas um desabafo, com uma breve reflexão. Obrigada pelo comentário! Abraço

  • Laura, pois eu vou confessar que estava em dúvida quanto a fazer ou não uma grande viagem esse ano! Também sinto, às vezes, que parece rotina ou obrigação, sei lá… Adorei saber que não estou sozinha! Ah… acho que tive um delay nessas suas mudanças recentes… Aos 30 não rolou nada, mas aos 40…(midlife crisis?) rsrsrs
    Ótimo texto, by the way! Grande abraço!

  • Entendo perfeitamente. Eu prefiro viver minha rotina com o trabalho e esperar e planejar bem as férias… mesmo assim, dependendo da intensidade da programação, mais pro fim da viagem bate aquela vontade de voltar pra casa, dormir na própria cama, etc. Viajar cansa mesmo.

  • Post foda, Laura! Não imagino o que vc tenha vivido nesses meses, mas entendo – de forma menos frenética – esse lance de estar sempre viajando. Acho que são fases da vida e, talvez, falta de equilíbrio nossa (ou não). Por conta do blog, às vezes canso ainda mais (que paradoxo terrível), mas é uma verdade. Percebi que viajar muito acaba com aquela ansiedade infantil de dar frio na barriga e de contar os dias, mas é o preço a se pagar por fazer algo incrível e com certa frequência. Boa reflexão.

  • Ahh vou comentar sim, apesar de morrer de preguiça de comentários. Agora mesmo estou no Marrocos, passando carnaval. Réveillon fui para Jamaica, cheguei num dia e fui embora no outro de tão chato que achei. Em novembro estive por um mês em parques dos EUA e no Havaí. Tenho uma viagem já com voos comprados para Georgia, Arménia, Azerbaijão, Ucrânia, Rússia e Polônia. Tenho 47 anos e venho viajando sozinha há anos. Já são quase 80 países, fora o tanto de viagem que tenho dentro do Brasil. Não tenho mais país na Ásia para conhecer, praticamente. Teria que repetir, exceto Austrália e Nova Zelândia, que fIcaram pro fim do ano. Já repeti horrores alguns lugares. Parece que seu texto foi escrito por mim! Estou no piloto automático de ter que conhecer o mundo e o “ter de” é um porre. Não suporto mais andar de ônibus (tenho três trechos longos de estrada aqui no Marrocos, já passei por dois). Fiz Myanmar td de avião, por isto. Aqui não tem jeito. Já estou desenvolvendo enjoos. Não suporto mais classe econômica. Já comecei a voar business. Mas agora descobri que o que não suporto mais mesmo é viajar. Preciso arrumar outra fuga nas minhas férias! Alguma sugestão? O certo é que vou pg td as multas, perder alguns voos não reembolsáveis, mas acho que prefiro rasgar papéis na minha casa. Acredite se quiser! Achei que eu tava ficando louca mas to vendo que não sou a única! Pq tenho que conhecer “tudo”, “o máximo possível”? Que meta maluca é esta?

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