Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - 7 Cantos do Mundo

Leia o relato completo do Circuito W de Bariloche, um lindo trekking de 5 dias pelas belas montanhas da Patagônia que fiz com a Mantra Adventure em dezembro de 2019.

Durante minha viagem de 26 dias pela Patagônia Argentina, tive o prazer de realizar este trekking de 5 dias pelas maravilhosas montanhas e vales da região de Bariloche, no lado argentino da Cordilheira dos Andes.

Antes de mais nada: não confunda o Circuito W de Bariloche (Argentina) com o tradicional Circuito W de Torres del Paine (Chile). O roteiro de Bariloche é relativamente novo, e foi desenvolvido pelo guia Ivan Goffi, parceiro da Mantra Adventure.

O trekking é auto-suficiente, o que significa que nós levamos tudo de que precisamos para sobreviver ao longo dos dias: “casa” (barraca), “cama” (isolante térmico e saco de dormir) e “cozinha” (fogareiro, panelas e comida).

A agência organiza toda a logística, incluindo os traslados e alimentação. Os participantes, é claro, compartilham, nas mochilas, o peso dos alimentos que serão utilizados nas refeições coletivas.

Um dia antes do início do trekking, reunimos o grupo em um almoço no centro de Bariloche para o guia Ivan fazer o briefing da expedição. Ali, descobrimos que encararíamos uma caminhada difícil, voltada a um público um pouco mais experiente com montanhismo, com trechos fisicamente exigentes e alguns mais técnicos.

Neste post, vou fazer um relato completo da experiência, dia por dia, incluindo detalhes técnicos da caminhada, que registrei com o aplicativo Wikiloc, que funciona por GPS e offline. Se você curte fazer trilhas, recomendo seguir o meu perfil por lá!

O trekking foi realizado em 5 dias, de 08 a 12 de dezembro de 2019, primavera no Hemisfério Sul. O roteiro foi apelidado “W” por conta do desenho que ele faz no mapa.

Circuito W de Bariloche

Dia 1

  • Início: Villa Catedral
  • Fim: Refúgio Frey
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Estatísticas

Distância total11,29 km
Ganho de elevação738 m
Perda de elevação50 m
Elevação máxima1.736 m
Elevação mínima1.050 m
Dificuldade técnicaBaixa
Esforço físicoModerado
Tempo em movimento03h19min
Tempo total04h40min

O primeiro dia de trekking amanheceu ensolarado, sem uma nuvem no céu e com temperatura amena, que subiria ao longo da tarde. O Circuito W de Bariloche começou na Villa Catedral, cerca de 20 minutos de carro do centro da cidade. Iniciamos a caminhada pelas 11:00.

A primeira metade do trajeto era basicamente plana, e a segunda, uma subida constante. O terreno era estável, com uma trilha bem demarcada durante todo o percurso. Apenas na subida final, já em maior altitude, que sugiram mais pedras, mas nada de muito cabuloso.

Na maior parte do tempo estávamos expostos ao sol forte, o que nos fez cansar mais. Porém, houve momentos de caminhada dentro da mata; foi ali que fizemos nossa parada para o “almoço”.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 1 – Lago Gutierrez ao fundo

Em um trekking, o mais comum é fazer um lanche na hora do almoço, e ter uma refeição quente mais reforçada no fim do dia, quando já paramos para acampar.

O guia Ivan preparou o lanche de trilha em saquinhos individuais e separados por dia. O lanche era composto de: 1 saquinho com mix de castanhas, 1 ovo cozido, 1 doce (bolacha recheada, chocolate ou paçoca), sal e balas. Ou seja: açúcar, gordura e proteína – o que precisamos em uma refeição dentro de um pacotinho diminuto.

Chegamos ao Refúgio Frey ainda com bastante sol, pouco antes das 16:00. A primeira coisa a fazer nos refúgios é registrar-se no livro de visitantes. Você informa de onde está vindo no dia, para onde vai em seguida, seu país, idade, e se vai pernoitar por ali.

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Circuito W de Bariloche – Dia 1 – Refúgio Frey

Armamos as barracas nos espaços reservados para tal, cercados por mini muros de pedras para proteger do vento, que na Patagônia não está para brincadeira! O Refúgio Frey fica na beira de um belo lago rodeado de montanhas, e passei um bom tempo admirando o sol se pôr atrás delas.

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Circuito W de Bariloche – Dia 1 – Refúgio Frey

Ao cair da noite, o chef Ivan nos preparou uma deliciosa janta: sopa de espinafre com queijo de entrada, e macarrão com legumes e estrogonofe de frango como prato principal.

Bom saber

Nos refúgios da região, a estadia em barracas é gratuita; porém, você também pode dormir dentro do próprio refúgio, em beliches, com o seu saco de dormir (obrigatório), pagando entre 700 e 880 pesos (preços que vi em dezembro de 2019).

O local também oferece refeições prontas (café da manhã e jantar), bebidas e alguns poucos itens em uma pequena lojinha (refrigerante, cerveja, biscoito etc). É possível ainda utilizar a sua cozinha, mediante pagamento de uma taxa (ao redor de 300 pesos).

Não preciso dizer que ali só aceita dinheiro, né?

Outra informação importante é que em nenhum dos refúgios há sinal de celular.

O refúgio possui banheiro (normal, com água encanada), mas não dispõe de ducha. Os refugieros (que tomam conta do refúgio) até têm eletricidade, mas acredito que não tenha tomadas disponíveis para os hóspedes. Confesso que não verifiquei neste local, pois era o primeiro dia, e eu ainda tinha 2 power banks cheios.

Dia 2

  • Início: Refúgio Frey
  • Fim: Refúgio Jakob
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Estatísticas

Distância total10,2 km
Ganho de elevação715 m
Perda de elevação897 m
Elevação máxima2.020 m
Elevação mínima1.517 m
Dificuldade técnicaMuito difícil
Esforço físicoAlto
Tempo em movimento04h35min*
Tempo total08h57min

*Parece que aqui o Wikiloc não considerou como “em movimento” grande parte do percurso, já que fizemos subidas e descidas extremamente íngremes, em uma velocidade muito baixa.

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Circuito W de Bariloche – Manhã do dia 2 – Guia Ivan saindo de sua barraca no Refúgio Frey

O dia 2 do Circuito W de Bariloche começou cedo: acordamos às 06:00, tomamos café, arrumamos as coisas e já partimos para a caminhada pouco depois das 08:00.

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Circuito W de Bariloche – Manhã do dia 2 – Refúgio Frey

Este era um dia sabidamente difícil: uma subida forte, uma descida forte, um trecho plano na mata para respirar, e então mais uma subida forte e uma descida mais forte ainda.

O pior de tudo não era somente o fato de o ganho e perda de elevação serem grandes, o que já cansa o corpo nas subidas e faz doer os joelhos nas descidas.

O que era realmente desafiador nesse dia era o tipo de terreno: muita neve, muita pedra de vários tipos (pequena, grande, fixa, solta), com alguns trechos totalmente instáveis!

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Começo da caminhada no dia 2

A aventura começou já no início da trilha: muita pedra e neve para vencer a primeira grande subida. Aqui é aquela coisa: concentre-se no quadradinho onde você está pisando, e em dar um passo de cada vez. Se você levantar a cabeça para olhar “o quanto eu já subi” e “o tamanho da possível queda”… bem, apenas foque no seu quadrado!

A primeira grande subida (aprox. +280 m) é dividida em duas partes:

1. Do Refúgio Frey até a laguna Schmöll;

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Primeira parte da primeira grande subida: muita neve e muita pedra!
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Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Descanso na Laguna Schmöll após a primeira parte da primeira subida

2. Da laguna Schmöll até um mirador da Cordilheira dos Andes.

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Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Início da segunda parte da primeira subida; vista para a Laguna Schmöll

Juro que o esforço vale a pena para a vista que lhe espera ali de cima!

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Uma belíssima vista para a Cordilheira dos Andes, não?
Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Yes, I did it! Hike like a girl!

Depois da paisagem maravilhosa, começa a primeira grande descida (aprox. -500 m). Ela começa com bastantes pedras grandes (mais ou menos fixas), e você pode precisar usar a mão aqui e ali. Depois o solo vira uma espécie de duna de areia com pequenas pedras soltas (as chamadas morrenas, em espanhol, ou morenas).

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Vista do alto da primeira grande descida do dia (as morrenas ali à esquerda). Depois, atravessamos o vale ali embaixo e subimos a montanha do outro lado.

Essa parte pode até parecer difícil à primeira vista, principalmente pela inclinação e exposição. Mas uma vez que você descobre que é só enfiar o pé com vontade, deixando-o afundar mesmo, como se fosse descendo uma duna e ir “escorregando” (quase como se estivesse surfando), você relaxa, avança mais rápido e acha até gostoso!

O guia nos recomendou usar polainas neste trecho, para evitar de entrar (muita) areia e pedrinhas nas botas. Porém, eu não tinha e não tive problema (entrou um total de zero pedras nos meus calçados).

Claro que eu estava com uma boa calça de trekking, que tem um ganchinho que prende no cadarço, o que ajudou a vedar. Valeu, Decathlon!

Primeira etapa difícil vencida com sucesso e em um bom tempo! O trecho intermediário é dentro de um bosque, e bastante plana. Ufa! Foi aí que fizemos a parada para almoço, à beira de um rio.

Seguindo viagem, começamos a segunda etapa “sobe-sobe-sobe, desce-desce-desce”. A segunda grande subida (aprox. +420 m) começa um pouco mais suave, com muito sol na cabeça, e ainda alguma vegetação, até atingirmos um lombo. A partir daí, as plantas acabam, é só pedra e – novamente – neve.

A parte final da segunda grande subia era bastante inclinada e de pura neve. Confesso que gelei (tudum-tss) nesse trecho. Tive que concentrar-me bastante no meu tal quadradinho e no meu “um pé após o outro”.

Quase lá no alto, a parede ficou realmente íngreme, a ponto de eu praticamente “escalaminhar” com as mãos no gelo. De fato, em umas duas escorregadelas que dei, caí de barriga e mãos na neve.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Segunda subida punk do dia. O trecho final de neve ali em cima foi tenso! Bastante inclinado!

Chegamos lá no alto. Ufa! Agora acabou a parte difícil então, certo? Errado!

Tolinha. Agora começava a parte mais difícil e chata de todas: uma descida do capeta. Nunca tinha passado, creio, por uma descida tão longa, demorada e técnica. E chata.

Era pedra solta o tempo inteiro. Você não conseguia dar um passo sem quase escorregar. Eu, indo com todo o meu cuidado (sem ironias), caí de bunda umas 10 vezes! Já nem me abalava mais. Você pisa, acha que dá, quando vê, seu pé afundou, rolou pedra sobre pedra (literalmente), e você já perdeu o equilíbrio.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Descida final (infinita!) ao Refúgio Jakob. Muita, mas muita, mas muita pedra!

Quando você acha que está acabando, ainda tem muita pedra pra rolar (tudum-tss 2). É uma descida i-n-f-i-n-i-t-a!

Pior é que você, desde lá de cima, está vendo o refúgio Jakob, seu objetivo. Objetivo esse que não chega nunca.

Enfim, 9 horas de muito esforço físico, trabalho psicológico, concentração, escorregamentos e forçação de joelhos depois, chegamos.

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Circuito W de Bariloche – Refúgio Jakob visto na manhã do dia 3

Bom saber

O Refúgio Jakob foi todo renovado após um incêndio alguns anos atrás. Eles estão com uma excelente estrutura, vários quartos com beliches novos, uma grande área comum com várias mesas e uma cozinha bonitona. Claro que ali os serviços também são mais caros: 880 pesos a estadia, e o mesmo valor pela refeição.

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Circuito W de Bariloche – Dia 2 – Nosso acampamento no Refúgio Jakob

A área de camping fica numa área adjacente meio protegida do vento, com um banheiro (bom e limpo) próximo. Novamente, não há ducha. O lago, porém, está lá, disponível aos corajosos.

Neste refúgio, tem tomadas e eu pude carregar meus equipamentos.

Para o jantar, tivemos novamente a sopinha de entrada, seguida de um arroz delícia com legumes.

Dia 3

  • Início: Refúgio Jakob
  • Fim: Colonia Suiza
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Estatísticas

Distância total14,72 km
Ganho de elevação153 m
Perda de elevação837 m
Elevação máxima1.581 m
Elevação mínima880 m
Dificuldade técnicaBaixa
Esforço físicoModerado
Tempo em movimento04h05min
Tempo total05h11min

O terceiro dia do Circuito W de Bariloche era, segundo o Ivan, o “dia da vovó”. Porém, da “vovó do Rambo”.

Após um dia extremamente cansativo física e psicologicamente, nada melhor que uma caminhada tranquila, em descenso suave, em uma trilha de chão pisado, bem demarcada, por dentro da mata.

Estre trecho do trekking é bonito e tranquilo, e eu amei!

Chegamos a um ponto já próximo à civilização, porém ainda 6 km distante da Colonia Suiza por uma estrada de terra poeirenta, quente e monótona. Para facilitar, nosso apoio Hernán nos buscou de carro nesse ponto e nos deixou no Camping Goye, na Colonia Suiza.

O melhor: nos recebeu com uma deliciosa Coca Cola gelada! Melhor coisa para depois de uma trilha não há! 😀

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Circuito W de Bariloche – Dia 3 – Descendo em direção à Colonia Suiza

Bom saber

A Colonia Suiza não é apenas um nome bonito; é de fato uma colônia fundada por suíços. É uma pequena vila onde vivem pessoas em casas fofas de madeira com florzinha na janela, e tem um pequeno centro com comércio de artesanatos e um ou outro restaurante.

O Camping Goye tem chuveiro quente, eletricidade, wi-fi, cozinha e tudo o mais. Existem ali, também, pequenas cabanas para alugar, caso a turma deseje mais conforto por uma noite. Nós podemos ou não ter optado por ficar na cabana nessa noite…

Vale ressaltar que caso você opte por dormir na cabana (ou dentro dos refúgios nas montanhas), não está incluído no roteiro da Mantra e você deve pagar à parte.

Dia 4

  • Início: Colonia Suiza
  • Fim: Refúgio Laguna Negra
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Estatísticas

Distância total13,16 km
Ganho de elevação906 m
Perda de elevação102 m
Elevação máxima1.635 m
Elevação mínima803 m
Dificuldade técnicaModerada
Esforço físicoModerado
Tempo em movimento03h58min
Tempo total05h38min

O quarto dia do Circuito W de Bariloche é um dia gostoso de caminhada, recheado de paisagens bonitas!

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Circuito W de Bariloche – Dia 4 – Na primeira metade, a trilha vai margeando o rio com a vista para as montanhas ao fundo

Tem bastante subida, é verdade, já que o Refúgio Laguna Negra está lá no alto da montanha novamente. Mas é, na maior parte do caminho, uma subida suave, intensificando-se apenas no trecho final, quando há mais pedras. Porém, nada, NADA, comparado ao segundo dia.

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Circuito W de Bariloche – Dia 4 – Vista da subida em direção à Laguna Negra. O tempo, que amanheceu ensolarado, fechou totalmente.

Neste dia, o clima, que vinha sendo absolutamente incrível até então, deu uma virada. Durante a subida mais proeminente, o sol já havia se escondido. O vento começou a dar umas sopradas fortes em golpes esporádicos.

Porém, ao chegar lá em cima no refúgio, começou uma verdadeira tempestade de vento! Não consigo dizer que velocidade seria aquela, mas era forte o suficiente para me fazer sentar no chão, pois em pé eu estava perdendo o equilíbrio!

E suficiente para me fazer não querer atravessar a “ponte” (aquilo não era uma ponte) que dava no refúgio. Fechei-me na minha jaqueta, encolhi as mãos para não congelarem, sentei e esperei até o vento dar uma trégua e/ou alguém aparecer para me ajudar a atravessar aquele amontoado de pedras envoltas em uma malha de ferro que eles chamavam de ponte (aquilo não era uma ponte).

Consegui atravessar com a ajuda da anja Talita. Entrei no refúgio e o refugiero me recebeu com um chá quente. Meu deus, que barulho fazia!

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Minha tarde do dia 4 se resumiu a admirar a tempestade de vento e aguanieve de dentro do Refúgio Laguna Negra – e rezar para aquelas paredes aguentarem o tranco 😛

Pouco depois, além do vento, começou a NEVAR! Na verdade, era a tal da aguanieve que eles chamam, uma neve molhada. Detalhe: nevava de lado! Totalmente horizontal!

 —  “Acá nieva así” – me disse o refugiero.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Resultado da tempestade de aguanieve na janela do Refúgio Laguna Negra. Detalhe: já era quase verão (início de dezembro)

Àquela altura, eu já havia me decidido: passaria a noite dentro do refúgio. Eu já havia passado muito frio na barracas (eu sempre passo) nas primeiras noites, quando o clima estava amigável; imagina naquelas condições, que só de estar ali a cara e as mãos pareciam que iam cair de tão geladas?? Tá doido!

Paguei 700 pesos por uma noite em um colchão estranho e duro no mezanino do refúgio. O refugiero malandramente me cobrou 100 pesos a mais por eu ter usado duas vezes sua água quente. Enfim, não quis discutir.

Se eu achava – ou queria – que o vento fosse dar uma trégua durante a noite, me decepcionei enormemente. Continuava mais forte do que nunca, soprando e uivando nas janelas.

Eu só rezava (de uma forma não religiosa) para o vento não derrubar aquelas paredes.

Come on, refúgio, você está aqui desde a década de 1960, a mesma construção! Você aguenta mais uma noite!”

Aguentou. Ufa!

Na manhã seguinte, era como se nada tivesse acontecido. Tudo absolutamente calmo lá fora. Parecia outro lugar.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Refúgio Laguna Negra na manhã do dia 5. No 4º dia foi impossível tirar uma foto!

Dia 5

  • Início: Refúgio Laguna Negra
  • Fim: Colonia Suiza
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Estatísticas

Distância total14,05 km
Ganho de elevação121 m
Perda de elevação914 m
Elevação máxima1.635 m
Elevação mínima817 m
Dificuldade técnicaModerada
Esforço físicoModerado
Tempo em movimento04h03min
Tempo total06h43min

Após uma tarde e noite conturbadas, o quinto dia amanheceu tranquilo e sem vento. Porém, recebemos uma notícia do refugiero que nos fez ficar alertas e, no fim, alterar os planos.

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – O 5º dia amanheceu calmo e sem vento na Laguna Negra

O trecho final do nosso trekking – o 5º dia e a última perna do W – era um dia considerado ainda mais difícil que o dia 2, com uma longa subida em terreno instável de pedras, uma longa descida, e ainda mais quilômetros para percorrer no total.

A informação que recebemos era que este trecho, principalmente a decida após o Refúgio Lopez, ainda tinha muita neve.

E o pior: altas eram as chances de que esta neve estivesse dura (como gelo), o que a faz ser ainda mais escorregadia. Por segurança, a recomendação oficial dos refugieros era de NÃO prosseguir.

De fato, logo na saída do Refúgio Laguna Negra em direção ao Lopez, contornando a laguna, já havia muita neve, e de fato ela estava meio congelada. Por segurança, seguimos a recomendação dos locais e retornamos pelo mesmo caminho que havíamos feito no dia anterior, sentido Colonia Suiza.

Quem manda é a Mãe Natureza, com ela não se discute.

Considerações finais

O Circuito W de Bariloche se mostrou muito mais desafiador do que eu havia imaginado. Requer certa experiência com trekking e montanha, além de um preparo físico mínimo. Sobre isso, a melhor coisa que você pode fazer para treinar é colocar a própria mochila nas costas com peso e caminhar – principalmente fazendo subidas.

Porém, todo o esforço foi recompensado, já que a beleza desse roteiro é indiscutível! Você está andando e o tempo todo falando “uau” aqui e ali. E a sensação de superar os obstáculos mais exigentes, seja física ou psicologicamente, é extremamente gratificante!

Apesar da neve ter impedido que fizéssemos o último trecho, ela ajudou a compor uma paisagem muito bonita, e eu fiquei totalmente satisfeita com os belos “quadros” que vi até ali!

O guia mostrou ter extensa experiência no ramo, e sua logística foi impecável e contribuiu para o sucesso da expedição.

Eu amo fazer trekking de vários dias, pois vejo como uma experiência única, de total imersão na natureza e em si mesmo. Recomendo muito o Circuito W de Bariloche pela sua beleza e seu desafio!


O Circuito W de Bariloche é um roteiro exclusivo oferecido pela Mantra Adventure. Verifique as próximas saídas no site ou no Instagram!

Leia também: Checklist da mochila para o Circuito W de Bariloche

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

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