Guia da Patagônia Argentina - Roteiro de 26 dias - 7 Cantos do Mundo

Neste guia completo da Patagônia Argentina, compartilho todas as dicas e meu roteiro de 26 dias que fiz por terra entre Ushuaia e Bariloche, em uma viagem incrível de quase 2.200 km.

Passei 26 dias na Patagônia Argentina e foi uma das viagens mais incríveis que eu já fiz! A região é lindíssima, tem montanha, natureza e vida selvagem. Tudo que uma bióloga ama!

Sem contar a vibe das pessoas que ali vivem e dos viajantes do caminho. Tudo buena onda!

Voei de Buenos Aires para Ushuaia (o Fim do Mundo, extremo sul da América do Sul) e, de lá, segui por terra até Bariloche, no norte da Patagônia, num roteiro de quase 2.200 km!

Neste post, compartilho o meu roteiro, passeios, transporte, custos y otras cositas más. Basicamente, tudo o que você precisa para planejar a sua viagem!

Vamos lá? Senta que vai ter conteúdo.

Menu

  1. Itinerário
  2. Quando ir
  3. Documentos necessários
  4. Dinheiro e câmbio
  5. O que levar (primavera/verão)
  6. Aéreo
  7. Transporte terrestre
  8. Hospedagem
  9. Alimentação
  10. Passeios
  11. Internet
  12. Seguro Viagem
  13. Gastos totais
  14. Mapa

Guia da Patagônia Argentina

1. Itinerário

DiaLocalPasseio
Dia 1Buenos Aires – UshuaiaTrânsito
Dia 2UshuaiaGlaciar Martial
Dia 3UshuaiaIsla Martillo – Ver pinguins
Dia 4UshuaiaParque Nacional Tierra del Fuego
Dia 5UshuaiaLaguna Esmeralda
Dia 6Ushuaia – El CalafateTrânsito
Dia 7El CalafateGlaciar Perito Moreno
Dia 8El Calafate – El ChalténTrânsito
Dia 9El Chaltén Fitz Roy/Laguna de los tres
Dia 10El ChalténMirador Cerro Torre
Dia 11El ChalténMiradores + Chorrillo del Salto
Dia 12El ChalténLaguna e Glaciar Torre
Dia 13Los AntiguosDescanso
Dia 14Los Antiguos – El BolsónTrânsito
Dia 15El BolsónParque Nacional Lago Puelo
Dia 16El BolsónCaminhada pela cidade
Dia 17El BolsónCajón del Azul
Dia 18El Bolsón – BarilocheTrânsito
Dia 19BarilocheCaminhada pela cidade
Dia 20BarilocheCircuito W Dia 1
Dia 21BarilocheCircuito W Dia 2
Dia 22BarilocheCircuito W Dia 3
Dia 23BarilocheCircuito W Dia 4
Dia 24BarilocheCircuito W Dia 5
Dia 25BarilocheCity tour (teleféricos)
Dia 26Bariloche – Buenos AiresTrânsito

2. Quando ir

É possível visitar a Patagônia Argentina em praticamente qualquer época do ano. Porém, se você, assim como eu, tem interesse em fazer trilhas, você precisa ir necessariamente entre o fim da primavera e o início do outono, ou seja, entre novembro e abril.

Em novembro, existe a possibilidade de ainda haver muita neve em alguns locais, o que pode dificultar ou impedir alguns roteiros. Em 2019, o inverno foi duro e nevou muito na região, de modo que até início de dezembro ainda havia bastante neve em alguns lugares.

O pico da temporada acontece entre fim de dezembro e fevereiro. Se você não gosta muito de locais cheios e mais caros, melhor evitar esses meses. A partir de março, a temporada já começa a baixar novamente.

3. Documentos

Brasileiros podem viajar para a Argentina portando apenas o documento de identidade. Note que apenas o RG (Cédula de Identidade Civil) é aceito; a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) não é aceita como documento de viagem!

Apesar do passaporte não ser obrigatório, eu levei pois eu queria ganhar um carimbo do Fim do Mundo 😛

Brasileiros são isentos de visto na Argentina por até 90 dias, e nenhuma vacina é obrigatória para entrada no país.

4. Dinheiro e câmbio

A moeda da Argentina é o Peso Argentino (ARS). Quando viajei, entre novembro e dezembro de 2019, o câmbio do real estava variando entre 14 e 16 pesos, e do dólar, entre 58 e 64 pesos.

Câmbio em janeiro de 2020: 

BRL 1,00 ≅ ARS 14,76 | ARS 1,00 ≅ BRL 0,068

USD 1,00 ≅ ARS 59,81 | ARS 1,00 ≅ USD 0,017

O dólar americano é amplamente aceito na Patagônia Argentina no setor do turismo, e em alguns tipos de comércio e serviços. O real brasileiro tem boa aceitação também. Já o euro é menos aceito.

Leve em conta que cada estabelecimento determina a sua própria cotação, que, claro, não é favorável ao turista. É sempre mais vantajoso ter a moeda local.

Como o dólar está muito caro para nós, acredito que a melhor saída para ter cash seja levar real em espécie e, lá, trocar por pesos argentinos. Lembre-se que quanto mais você troca (exemplo: real > dólar > peso), mais você perde (taxas e variações de câmbio). E que a cotação nos aeroportos é sempre muito ruim, então evite trocar grandes somas de dinheiro ali.

Para passeios e hospedagens, é bem comum eles informarem valores em USD além de (ou ao invés de) ARS. Nesses casos, você pode optar por pagar em qualquer uma das moedas.

A melhor das opções

Na verdade, existe uma opção melhor. Porém, até onde eu sei, não está disponível ainda para residentes do Brasil 🙁

A melhor opção que encontrei nessa viagem foi utilizar o cartão de débito internacional multimoeda da TransferWise.

Ela é uma das várias novas contas sem fronteiras (boardless accounts) que surgiram no mercado como uma alternativa tecnológica e econômica aos bancos tradicionais. É o Nubank da gringa. Só que melhor.

As empresas que conheço até o momento são:

  • TransferWise: tenho, testado e aprovado! Precisa de endereço na Europa ou EUA;
  • Revolut: tenho, ainda não testei, mas amigos recomendam. Precisa de endereço na Europa ou EUA (em lista de espera no Brasil);
  • N26: não tenho, amigos recomendam. Precisa de endereço na Europa ou EUA (em lista de espera no Brasil);
  • Monzo: não tenho, amigos recomendam. Precisa de visto de residência e endereço britânico.

Como funciona: Você cria uma conta no site, valida com algum documento, pede o cartão (em todos os casos é um Mastercard débito), transfere saldo (no meu caso, em DKK, pois pedi como residente da Dinamarca), e voilà, ele está pronto para ser usado em qualquer moeda, com a melhor cotação possível do mercado, e sem taxa ou imposto. Tudo online.

It’s that simple.

A plataforma (não vou chamar de banco, porque não é) te permite saques gratuitos com esse cartão em caixas eletrônicos locais, em qualquer moeda, até um certo limite (no caso do TransferWise, de 200 GBP). Às vezes, o caixa eletrônico (o banco local, não o cartão) cobra uma taxa por saque – daí vai de cada banco de cada país.

Você pode, ainda, converter o saldo da conta/cartão para várias outras moedas disponíveis a um toque de dedo pelo aplicativo!

Os caixas eletrônicos locais podem cobrar uma taxa por saque. Isso depende de cada banco, e a empresa do cartão não tem nenhum controle sobre isso. Na Patagônia Argentina, todos os caixas que vi cobram uma taxa, variando de 375 a 800 pesos por saque.

Os valores máximos que cada caixa eletrônico permitia sacar variava de 2.000 a 8.000 pesos, sendo o valor máximo mais comum 4.000 pesos.

Se você quiser que eu fale mais, em outro post, sobre como funciona esse tipo de cartão e plataforma, comente lá no final da página!

5. O que levar (primavera/verão)

Fiquei bem satisfeita com a mochila que fiz para essa viagem. Usei tudo o que levei, 100% das roupas! Senti falta de poucas coisas, como, por exemplo, um frasquinho com sabão para lavar roupa – que acabei comprando. Levei apenas o meu bom e velho Higicalcinha, para lavar as calçolas no banho!

Viajo sempre com a Foguetinha, minha mochila Deuter de 35+ 10 litros. Desta vez não levei meu notebook (que é bem pesadinho), e minha mochila ficou com 12 kg. Era uma mochila, na verdade, para 30 dias de viagem.

Observações:

  1. Esta lista funciona para viajar na Patagônia na primavera/verão. Outono e inverno são outra história!
  2. Levei itens para fazer trekking (que têm volume e certo peso), pois no meio da viagem eu faria o Circuito W de Bariloche – inclusive, você pode ver o checklist específico para a expedição, isto é, o que, das roupas a seguir, eu levei e o que deixei no hostel;
  3. Levei algumas poucas roupas de verão, pois na mesma viagem eu passei uns dias em Colonia do Sacramento, no Uruguay, onde fazia calor.

Veja o que levei em termos de roupas:

  • 4 camisetas básicas lisas de algodão
  • 2 camisetinhas de algodão mais bonitinhas
  • 1 camiseta dryfit manga curta
  • 2 camisetas dryfit manga longa
  • 1 camiseta dryfit manga longa MCE
  • 1 camiseta dryfit style xadrez
  • 1 pijama
  • 1 sutiã
  • 2 tops
  • 6 calcinhas (poderia ter sido 4)
  • 3 pares de meia comum
  • 2 pares de meia para trekking
  • 1 legging para trekking
  • 1 legging comum
  • 1 calça técnica para trekking
  • 1 calça esportiva fina
  • 1 calça hippie algodão
  • 1 bermuda Quechua
  • 1 shortinho colado (para usar com vestido)
  • 1 vestido
  • 1 bota de trekking
  • 1 tênis confortável
  • 1 par de havaianas
  • 1 fleece técnico para trekking
  • 1 fleece básico
  • 1 camiseta térmica
  • 1 calça térmica
  • 1 jaqueta corta-vento impermeável
  • 1 biquíni

6. Aéreo

Buenos Aires

Independentemente se você pretende começar a sua viagem na Patagônia Argentina por Ushuaia (extremo sul da Patagônia e, bem, da América), ou por Bariloche (norte da Patagônia), você obrigatoriamente precisa fazer conexão por Buenos Aires.

Não existem voos diretos Brasil > Patagônia ou Patagônia > Brasil.

Quer dizer, até existe um voo direto de Viracopos para Bariloche, da Azul. Porém, a frequência é baixa (no momento em que escrevo este post, encontrei essa rota somente aos sábados) e possivelmente o preço é alto. Como é um caso muito específico, vou ignorá-lo e levar em conta a situação que serve para a grande maioria das pessoas, ok? (“Okaaay, Laura“)

Para minha viagem, comprei o voo ida e volta São Paulo – Buenos Aires, e comprei os trechos internos separadamente, como apenas ida.

Há várias companhias aéreas que voam de capitais do Brasil para Buenos Aires (aeroporto Ezeiza – EZE), com vários voos diários, proporcionando uma grande oferta de preços.

Tomando como referência a cidade de São Paulo, você pode encontrar voos diretos (2h20min a 3 horas de voo) com as seguintes empresas:

  • Latam
  • Gol
  • Aerolíneas Argentinas
  • Ethiopian Airlines
  • Qatar Airways

Os valores da passagem podem variar bastante — segundo minhas pesquisas, de R$ 700 e pouco a mais de R$ 1.500.

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Eu encontrei o melhor preço com a Ethiopian Airlines e me surpreendi com a qualidade do serviço da companhia! O voo, na realidade, é Addis Ababa (capital da Etiópia) > Buenos Aires com escala em Guarulhos.

Mesmo vindo de uma viagem anterior de 12 horas desde a África, o voo GRU > EZE foi razoavelmente pontual. O avião é moderno (Boeing 787 “Dreamliner”), o bilhete da classe econômica inclui 2 bagagens despachadas de 23 kg, e eles servem uma refeição completa, mesmo sendo um voo de 2h30min. Excelente relação custo-benefício!

(muito melhor que o amendoizinho que ganhamos por aí, néam? 😛 )

Nota mental: se você gosta de ir na janelinha, não escolha a fileira 35, porque não tem janela! 😂 (quem me segue no Instagram, deve ter visto a minha frustração nos meus stories). 😅

Outras companhias têm voos com conexão (longa e sem sentido algum) e preços exorbitantes, e eu nem aconselho você considerá-las. São elas:

  • Avianca (conexão em Lima, viagem de mais de 22 horas)
  • BoA (conexão em Santa Cruz de la Sierra, viagem de quase 40 horas!)

Voo para a Patagônia

Há uma frequência muito maior de voos para a Patagônia saindo do Aeroparque do que do Ezeiza. Os voos internacionais necessariamente chegam no Ezeiza. Portanto, atente-se à sua passagem se ela não inclui troca de aeroporto (do Ezeiza – EZE para o Aeroparque – AEP).

O Aeroporto Internacional Ministro Pistarini (Aeroporto Internacional de Ezeiza) é tipo o nosso Aeroporto de Guarulhos, cerca de 33 km distante de Buenos Aires; o Aeroparque Regional Jorge Newbery é como o nosso Congonhas, no meio da cidade.

Mesmo que você compre São Paulo > Ushuaia, por exemplo, em uma mesma passagem, pode haver mudança de aeroporto. Então atenção!

Se você fizer que nem eu e comprar São Paulo > Buenos Aires ida e volta, e os trechos internos separadamente, seu voo para Ushuaia ou Bariloche não será vinculado à sua perna internacional, a chance de seu voo para a Patagônia sair do Aeroparque é ainda maior.

Mas não se preocupe, é tranquilo ir de um aeroporto ao outro. Você pode pegar o ônibus expresso da Tienda León, ou ir gratuitamente com o ônibus da Aerolíneas, caso viaje com essa companhia. Mas leve em conta que são mais de 40 km de distância entre um e outro, e que Buenos Aires sempre tem muito trânsito. Melhor ter um tempo mínimo de 1 a 2 horas apenas para esse traslado dentro do seu tempo de conexão.

Vejo pelo menos duas vantagens de viajar para a Patagônia saindo do Aeroparque:

  1. Você pode aproveitar o deslocamento ao centro para passar uns dias em Buenos Aires, na ida ou na volta;
  2. Além das já conhecidas Latam e Aerolíneas, a companhia low cost Norwegian tem voos diários para Bariloche e aos fins de semana para Ushuaia saindo apenas do Aeroparque. É uma ótima empresa aérea, e seus preços são muito competitivos!

Estes foram todos os meus trechos aéreos, as companhias e os respectivos preços incluindo uma bagagem despachada.

Note que eu paguei a bagagem à parte com a Latam, e comprei a tarifa Lowfare+ com a Norwegian para ter direito à bagagem despachada, já que a tarifa mais básica Lowfare não a incluía.

DeParaCompanhiaValor BRLValor na moeda original paga
São PauloBuenos AiresEthiopian AirlinesBRL 874,90BRL 874,90
Buenos AiresUshuaiaLatamBRL 294,72ARS 3.445,58 + BRL 46,59 (bagagem)
BarilocheBuenos AiresNorwegianBRL 232,34BRL 232,34
Buenos AiresSão PauloEthiopian Airlines

Total gasto com aéreo: BRL 1.401,96

Obs: quem me conhece sabe que eu quase nunca despacho bagagem. Desta vez despachei porque eu estava com o meu bastão de caminhada, que não pode ir na cabine (eu perguntei no aeroporto), e porque minha mochila estava um pouco mais pesada que o normal (com 12 kg), por conta, principalmente, do saco de dormir e outros equipamentos de trekking (que eu utilizei para fazer o Circuito W de Bariloche), passando dos 10 kg permitidos para bagagem de mão.

Voos “internos” na Patagônia

Algumas cidades na Patagônia Argentina têm aeroporto, e você pode optar por fazer esse deslocamento “interno” de avião. Como já comentei, eu não fiz isso, pois fui de Ushuaia a Bariloche por terra (veja o próximo tópico).

Aeroportos na Patagônia (de sul a norte):

  • Ushuaia: Aeropuerto Internacional Malvinas Argentinas (USH)
  • El Calafate: Aeropuerto Internacional Comandante Armando Tola (FTE)
  • Bariloche: Aeropuerto Internacional Teniente Luis Candelaria (BRC)

7. Transporte terrestre

Ônibus: empresas e trechos

Na Patagônia, há poucas empresas que fazem os trajetos internos e, em alguns casos, há somente uma saída diária, ou até mesmo apenas em certos dias da semana (ex: aos sábados ou nos dias ímpares).

Então não há muito mistério: ou vai com aquela empresa naquele horário por aquele preço, ou não vai.

Com a empresa Marga, conseguimos comprar a passagem pela internet, com cartão de crédito brasileiro, sem problemas. Digo isso pois tive problema em outro site (se não me engano, da Norwegian Argentina), que só aceitava cartão argentino.

Já o site de outras empresas de ônibus não se mostraram muito eficientes. Por exemplo: buscando agora no site da Chaltén Travel, não encontro o trecho que fiz entre El Chaltén e El Bolsón. De El Chaltén em diante, comprei sempre a passagem pessoalmente no guichê da rodoviária.

Parece que na Patagônia eles ainda exigem a passagem impressa, recomendo que o faça. Melhor prevenir.

Vamos ver um pouquinho mais em detalhes como foi cada um dos trechos por terra da minha viagem de 26 dias.

Ushuaia a El Calafate:

De acordo com as minhas pesquisas, parece que não existe ônibus direto de Ushuaia a El Calafate. Há obrigatoriamente uma “conexão” em Río Gallegos. A empresa Marga Taqsa parece ser a única que faz esse trajeto.

O ônibus da sai diariamente de Ushuaia às 07:00. Nossa viagem que tinha duração estimada de 10 horas durou 13. Não parece tanto assim, mas juro que pareceu infinita!

A estrada corta um pedaço de território chileno, de modo que somos obrigados a oficialmente sair da Argentina e entrar no Chile, sair do Chile e entrar na Argentina. Isso significa descer todo mundo do ônibus e ficar na fila da imigração de 3 a 4 vezes!

Fora que (importante): é proibido ingressar no Chile com produtos de origem animal e vegetal. Sabe aquela compra de mercado que você fez em Ushuaia? Termine tudo que for fresco antes de pegar o ônibus para El Calafate.

Se por acaso estiver com algo (eu estava com avocados – palta, em espanhol 😬 ), você precisa declarar. Não tente esconder, pois eles vão escanear a sua bagagem e, se descobrirem, você vai pagar uma multa.

Nós levamos empanadas para comer na viagem, e tivemos que comer antes de chegar na fronteira com o Chile. Ah, e não adianta deixar no ônibus porque (dizem os policiais que) eles também revistam. 😛

Além da dupla imigração, há uma travessia de balsa no Canal de Magalhães, que demorou muito! 😣

Chegamos a Río Gallegos com atraso de 3 horas, faltando apenas 30 minutos para a saída do próximo ônibus e, apesar de o motorista ter garantido que os trajetos eram integrados e o seguinte esperaria pelo anterior, nós praticamente não tivemos tempo de comprar algo para comer e tivemos que nos contentar com um sanduíche mequetrefe de rodoviária. O ônibus de Río Gallegos a El Calafate saía às 20:30. Como chegaríamos depois de 00:30, já não haveria nada aberto para comer.

Decidimos pegar um táxi da rodoviária de El Calafate até o hostel, pois estava tarde, nós estávamos mortos e começou a chover forte. Deu 250 pesos total dividido por três (=barato).

Eu já estava em contato com a moça do hostel (costumo pedir o WhatsApp da pessoa do hostel quando sei que vou chegar tarde) e foi ela que enviou o táxi para nós, já que àquela hora praticamente não havia nenhum na rodoviária.

El Calafate a El Chaltén:

Empresas que encontrei que fazem o trecho entre El Calafate e El Chaltén:

A viagem dura entre 3 e 4 horas e passa por paisagens muito lindas! O nosso motorista foi bem gente boa e fez uma rápida parada para fotos em um mirante no caminho.

El Chaltén a El Bolsón:

Empresas que encontrei que fazem o trecho entre El Chaltén e El Bolsón/Bariloche:

Atenção! O preço da passagem com a Chaltén Travel é praticamente metade do valor com a Marga no trecho El Chaltén > Bariloche: ARS 4.840 vs. ARS 7.300. A rota e a duração da viagem são as mesmas. O único porém é que eu não consegui encontrar este trecho pela Chaltén Travel em nenhum site, seja o da própria empresa, seja no de revendedores. Eu comprei a passagem pessoalmente no terminal de El Chaltén e pude confirmar essa diferença (bizarra) de preço.

O ônibus partiu de El Chaltén às 21:00. Ao invés de encarar uma viagem de 20 horas seguidas, acabei fazendo uma parada intermediária: parei um dia em Los Antiguos. Haviam me recomendado o local, falaram que tinha um lago bonito, encontrei um hostel legal com um jardim enorme, como uma casa de campo, e resolvi parar para descansar – e lavar roupa. 😛

Vale dizer que incluir essa parada não alterou o preço da passagem até El Bolsón.

Cheguei a Los Antiguos pelas 07:30 da manhã, passei o dia, dormi, e peguei o ônibus novamente na manhã seguinte, pelas 08:30, para enfim chegar a El Bolsón por volta das 16:30-17:00.

El Bolsón a Bariloche:

Empresas que encontrei que fazem o trecho entre El Bolsón e Bariloche:

Obs: parece-me que a Via TAC e a Don Otto são da Via Bariloche. Note que até os sites são iguais.

A viagem entre El Bolsón e Bariloche é bastante tranquila, dura cerca de 2 horas apenas, e há várias saídas diárias.

Apenas note que El Bolsón não possui um terminal rodoviário propriamente dito. Os ônibus que chegam vindos do sul (e seguirão viagem) param em um posto de gasolina para os passageiros descerem. Os ônibus que partem, por exemplo, com destino a Bariloche, saem de uma ruazinha paralela à avenida principal. Marquei no mapa para sua comodidade.

Vale a pena ir por terra?

Viajei de Ushuaia a Bariloche em ônibus, em 26 dias, totalizando quase 2.200 km, por um motivo bem simples: economia. Não consegui encontrar passagens aéreas por preços tão interessantes.

Vi que as viagens eram longas, mas pensei: Ah, tudo bem. Gosto de viajar de ônibus pra pensar na vida, ler, ouvir podcast, ver série e ir vendo as paisagens. Quanto a pensar na vida e etc: ok, tive bastante tempo. Já em relação às paisagens… devo dizer que fiquei um tanto decepcionada! A paisagem na maior parte do trajeto é bastante monótona.

Os únicos trechos que eu achei que deu para curtir, que eram mesmo bonitos, foram os mais curtos 😛 : entre El Calafate e El Chaltén (já quase chegando em El Chaltén) e entre El Bolsón e Bariloche.

Portanto, hoje, depois de ter feito todos os trechos de busão, eu lhe digo: se puder pagar pelo avião entre Ushuaia e El Calafate e El Calafate e Bariloche, faça-o.

Vale a pena ir de ônibus? Para mim, valeu, pois eu tinha tempo, flexibilidade e limitação no orçamento. Mas foi cansativo. Se você tiver orçamento mais confortável (ou der sorte de conseguir uma passagem aérea por um bom preço) e/ou tiver limitação de tempo, considere ir de avião.

Resumo das minhas viagens de ônibus
DeParaDuração estimadaCompanhia de ônibusValor originalBRL aproximado
UshuaiaRío Gallegos12 horasMarga TaqsaARS 2.814,00BRL 196,62
Río GallegosEl Calafate5 horasMarga TaqsaARS 1.029,00BRL 71,90
El CalafateEl Chaltén3 horasMarga TaqsaARS 840,00BRL 58,69
El ChalténEl Bolsón20 horasChaltén TravelARS 4.640,00BRL 324,21
El BolsónBariloche2 horasVia BarilocheARS 330,00BRL 23,06

Total gasto com transporte terrestre (viagem):
ARS 9.653,00 | BRL 662,77*

*valor aproximado segundo a cotação de janeiro de 2020

8. Hospedagem

Na Patagônia Argentina, a média do valor da hospedagem em hostel (em quarto compartilhado) é de USD 10.

Fiquei em hostel durante toda a minha viagem, sempre em quarto compartilhado, de 4 a 6 camas. Reservei todos pelo Booking, parceiro do blog.

Normalmente, as hospedagens mais baratas não incluem café da manhã, ou, quando incluem, é um café bem simples e você provavelmente vai querer complementar com mais alguma coisa. Por “bem simples” eu quero dizer: torradas com manteiga/geleia/dulce de leche, leite e café. Às vezes, o café é solúvel, e o leite, em pó.

Em todos eles, você pode usar a cozinha, o que é uma outra grande vantagem de ficar em hostel, já que comer todos os dias em restaurante encarece bastante a viagem.

Onde eu me hospedei (e recomendo)

Os valores apresentados são por pessoa, por noite.

Ushuaia: Lo de Momo Alojamiento Turístico (USD 15, sem café da manhã)

Outras opções em Ushuaia

El Calafate: Hostel Lago Argentino (USD 8,50, com café da manhã simples)

Outras opções em El Calafate

El Chaltén: Rio Azul Hostel (USD 10, sem café da manhã)

Outras opções em El Chaltén

Los Antiguos: Hostel Los Amigos (USD 14, sem café da manhã)

El Bolsón: Posada del Buscador (USD 10, com café da manhã simples)

Outras opções em El Bolsón

Bariloche: Wood House Hostel (USD 6,50, com café da manhã simples)

Outras opções em Bariloche

9. Alimentação

Comer em restaurante na Patagônia Argentina pode ter um preço razoável ou caro, dependendo da sua exigência gastronômica. Convertendo ao real, não encontrei nenhum lugar exatamente barato (claro, levando em conta a qualidade).

É possível encontrar pratos mais simples (salada, massa, pizza) por 300-400 pesos (R$ 20-30) e alguns menus (entrada, prato principal e sobremesa ou café) a 500-600 pesos (R$ 35-40). Já os pratos de carnes (bife de chorizo, asado de cordero) e de frutos do mar (centolla em Ushuaia) são bem mais caros, custando em média uns 800 pesos (R$ 55).

“Ah, mas comer em São Paulo é mais caro que isso” (sempre escuto esse tipo de comentário). Pode até ser, mas você por acaso vai em restaurante todo dia?

Quando eu digo caro ou barato, não é somente em absoluto, e sim relativo ao orçamento e ao tempo total da viagem, entende? Gastar em média R$ 50 pra comer por dia é caro pra você? Para mim é. Multiplica aí por 26…

Isso pensando em apenas uma refeição! Imagina almoçar e jantar fora.

Eu sou do time que preza por mais viagens do que por uma refeição “assim-assado” por dia. Passo bem com um lanche no meio do dia (tipo uma comida de rua) e uma refeição única ao fim do dia (de preferência, feita por mim), ou o inverso.

Mas também não sou radical! Óbvio que gosto de comer fora e provar a comida local, e nessa viagem eu escorreguei um pouquinho e até que comi bastante em restaurante. Em parte da viagem estive com amigos, todos no modo “férias”, e acabei indo na onda… 😛

Quando fiquei sozinha, cozinhei mais no hostel mesmo.

Média de gasto com restaurante por cidade

Obs 1: Os valores abaixo se referem somente à média paga por refeição em restaurante em cada um desses lugares. Não é a minha média com alimentação por dia. É para lhe dar uma ideia do valor de comer em restaurante por cidade.

Obs 2: Eu não incluí nessa conta gastos especificamente com cerveja (consumida à parte, em bar). Porém, tomei cerveja em algumas (não muitas) refeições (o que as encarece significativamente). Só pra você saber.

  • Ushuaia (5 restaurantes): média de ARS 532,50 | BRL 32,00
  • El Calafate (1 restaurante): média de ARS 485,00 | BRL 33,45
  • El Chaltén (7 restaurantes): média de ARS 728,50 | BRL 50,24
  • El Bolsón (1 restaurante): média de ARS 512,50 | BRL 35,34
  • Bariloche (4 restaurantes): média de ARS 573,75 | BRL 39,57

10. Passeios

Minha viagem à Patagônia Argentina teve uma clara ênfase em trilhas. Para todas elas eu utilizei o aplicativo Wikiloc, que registra tudo por GPS. Eu recomendo fortemente você baixá-lo – e, de quebra, pode seguir meu perfil por lá 🙂

Cito abaixo os passeios que fiz e outros que encontrei. Sobre os que fiz, escreverei em detalhes sobre cada um deles em breve.

Ushuaia

  • Caminhada com pinguins na Isla Martillo (post em breve)
  • Navegação pelo Canal do Beagle
  • Parque Nacional Tierra del Fuego (post em breve)
  • Laguna Esmeralda (post em breve)
  • Glaciar Martial (post em breve)
  • Glaciar Vicinguerra
  • Passeio em veículo 4×4

El Calafate

  • Glaciar Perito Moreno – Parque Nacional Los Glaciares (post em breve)
Guia da Patagônia Argentina - Roteiro de 26 dias - 7 Cantos do Mundo
Glaciar Perito Moreno

El Chaltén

  • Cerro Fitz Roy – Laguna de Los Tres (post em breve)
  • Laguna & Glaciar Torre (post em breve)
  • Mirador de los Cóndores & Mirador de las Águilas (post em breve)
  • Cachoeira Chorrillo del Salto (post em breve)
  • Loma del Pliegue Tumbado

El Bolsón

  • Parque Nacional Lago Puelo (post em breve)
  • Cajón del Azul (post em breve)
  • Mirador Pitriquitrón

Bariloche

Circuito W de Bariloche com a Mantra Adventure - Argentina - 7 Cantos do Mundo
Circuito W de Bariloche – Manhã do dia 2 – Refúgio Frey

11. Internet

Viajar sem internet é quase impensável hoje em dia, né? A gente não precisa ficar postando tudo o que faz o tempo todo, mas convenhamos que ter conexão é uma mão na roda!

Seguindo o meu compromisso de transparência com meus leitores, devo dizer que, apesar de eu ser afiliada a empresas de chip internacional (Easysim4u e Viaje Conectado) que garantem conexão ilimitada em países do mundo todo, nesta viagem eu optei por comprar um chip local.

Na Argentina, nós brasileiros conseguimos ativar uma linha pré-paga de celular com o nosso número de RG ou passaporte.

Comprei um chip pré-pago da Claro. Porém, a operadora não se mostrou muito boa na Patagônia. Houve vários momentos em que eu estava com um sinal muito ruim ou sem sinal at all, e pessoas ao meu lado que tinham chip da Movistar tinham sinal. Então, primeira dica!

A vantagem da minha escolha (chip local) foi, obviamente, o valor baixo (gastei cerca de R$ 40 para 30 dias de viagem com o chip + créditos). Porém, ficou barato porque eu contratei pacotes pequenos, com poucos Gigabytes. Usei apenas para o essencial mesmo: WhatsApp, mapas, essas coisas. Se eu fosse usar ao meu bel prazer, a conta certamente ficaria cara!

A desvantagem é que, justamente por serem pacotes com poucos dados, eu não estava livre para usar à vontade, subir stories e outras coisas mais pesadas. Deixava para fazer isso no hostel – porém, o wifi da maioria deles tampouco se mostrou eficiente, e eu acabei ficando muito atrasada com o conteúdo no Instagram.

Ou seja: talvez fosse melhor ter pego um chip ilimitado… 😛

Bem, a escolha é sua! Veja o que é mais importante para você, beleza?

Mas, se quiser comprar o chip internacional ilimitado antes da sua viagem, compre pelo meu link e ajude o blog! 🙂 (e fica ligado no meu Instagram, porque vira e mexe compartilho uns descontos por lá!)

12. Seguro Viagem

Independentemente da obrigatoriedade ou não para entrada no país de destino, eu sempre aconselho a contratar um seguro viagem para viajar para o exterior.

Agora imagina que, além dos riscos normais de qualquer viagem (para citar os mais leves: extravio de bagagem, gripe, intoxicação alimentar etc), quando você vai para a Patagônia Argentina você está se expondo a riscos maiores ao praticar atividades outdoor.

Seguros Promo

Não tem conversa: você precisa contratar um seguro viagem. E precisa buscar um que inclua atividades esportivas.

Eu contratei o seguro Affinity 60 Mundo (exceto EUA) por meio da Seguros Promo, parceira do blog, utilizando um cupom de desconto da época (eu sempre divulgo os cupons vigentes no meu Instagram).

Você pode cotar também com a minha outra parceira, a Real Seguro Viagem, que também possui ótimos planos!

Leia também: Seguro Viagem: o que é, por que é importante e como contratar

13. Gastos totais

Em linhas gerais, o gasto total da minha viagem de 26 dias à Patagônia Argentina foi o seguinte (por categoria e com valor em BRL aproximado, segundo a cotação de janeiro de 2020):

  • Aéreo: BRL 1.401,96
  • Transporte terrestre: BRL 823,04
  • Hospedagem: BRL 898,00
  • Passeios: BRL 797,00
  • Mercado: BRL 376,00
  • Restaurante: BRL 632,00
  • Snacks: BRL 170,00
  • Internet: BRL 41,40
  • Seguro Viagem: BRL 303,01
  • Taxa de saque: BRL 129,27

Total de 26 dias na Patagônia: BRL 5.571,68

Leia também: Quanto custa viajar para a Patagônia Argentina? É caro? Um post com todos gastos detalhados, com referências de valores de mercado, restaurante e outros pormenores.

14. Mapa

É sempre bom poder ter noção espacial/geográfica do que estamos falando, né? Eu sou fã do Google My Maps e fiz um bem bonitinho aqui pra vocês! 🤗

Dê zoom e vá ao menu no lado esquerdo para ver os detalhes.

Ufa! Quanta coisa, né? Espero que eu tenha lhe ajudado a planejar o seu roteiro pela Patagônia Argentina! Se tiver dúvidas, ficarei feliz em tentar ajudar, escreva abaixo nos comentários.

Boa viagem! 🙂

Aproveita para me seguir no Instagram e ver o que ando aprontando por aí!

Este post te ajudou? Se sim, você me retribuiria fazendo as reservas da sua viagem com os meus parceiros? Assim, eu te ajudo e você me ajuda a manter o blog e a realizar meu sonho de viajar o mundo! É só usar os links do quadro roxo abaixo ou estes aqui. 🙂

Comece a planejar sua viagem agora mesmo!

Quando você faz uma reserva com um link aqui do blog, você não paga mais por isso e me ajuda a continuar produzindo conteúdo de qualidade para você. Este é o meu principal trabalho hoje em dia, então sua reserva me ajuda muito mesmo! Obrigada por usar meus links de parceiros :)

Hospedagem: Booking e Airbnb (ganhe R$ 183 em créditos na 1ª reserva!)
Seguro Viagem: Seguros Promo e Real Seguros
Passagens aéreas: Passagens Promo
Work Exchange: WorldPackers (ganhe US$ 10 de desconto na filiação)
Aluguel de carro: Rentcars
Passeios e ingressos:
GetYourGuide e Tiqets
Chip internacional:
Easysim4u e Viaje Conectado (Yes Brasil)
Indenização por problema de voo:
Resolvvi

Sobre a autora Ver todos os posts Site da autora

Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

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