Como morar na Dinamarca - Vistos e trabalho - 7 Cantos do Mundo

Neste post, respondo uma das perguntas que mais recebo atualmente: como morar na Dinamarca?

Curso Como morar na Dinamarca - Laura Sette - 7 Cantos do Mundo

Seja pela crise no Brasil, por busca de novas experiências culturais, por crescimento profissional ou mesmo por amor, o fato é que muitas pessoas estão buscando morar fora de nosso país de origem. E temos visto uma procura cada vez maior pela Europa nos últimos anos.

Antes um destino pouco conhecido e falado, a Dinamarca tem se popularizado entre os brasileiros, tanto no turismo, quanto como alvo para possível morada. O país – que tem altíssimo IDH, o mais alto nível de igualdade de riqueza do mundo, baixos índices de corrupção e criminalidade, saúde e educação e gratuitos e é responsável com o meio ambiente – já foi considerado o mais feliz da Terra! Soma-se a isso cidades bonitas e pessoas simpáticas.

Parece um lugar bastante atraente para se viver, não é mesmo? Porém, para um estrangeiro morar na Dinamarca legalmente, existe uma série de regras e critérios a serem observados. Somente com uma permissão de residência, um expatriado poderá viver com tranquilidade e desfrutar das vantagens do Estado de bem estar social.

Se você está aqui, provavelmente é porque você está considerando morar na Dinamarca, certo? Neste post, vou explicar, de maneira prática, como você pode fazer isso.

O que fazer em Copenhague - Nyhavn - Copenhague - Dinamarca - 7 Cantos do Mundo
Nyhavn, o cartão postal de Copenhague, capital da Dinamarca

Primeiro passo: obter o Residence Permit e o CPR

Primeiramente: brasileiros podem permanecer na Dinamarca (na realidade, no Espaço Schengen) como turistas por até 90 dias sem necessidade de visto. Passado esse período, você estaria ilegal se continuasse em solo dinamarquês.

Quem vem para morar (ou seja, obviamente para ficar mais de 90 dias), necessita de uma permissão de residência (Residence Permit). Ela é temporária e vinculada diretamente à atividade que lhe trouxe até aqui: trabalho, estudo, família etc. Se essa atividade se encerrar, sua permissão de permanecer no país será também revogada.

Portanto, a atividade em questão é condição sine qua non para você ter sua permissão de residência.

Uma vez que você obteve tal atividade (exemplo: um contrato de trabalho assinado), você vai se candidatar à permissão de residência. O prazo de resposta varia dependendo da categoria, pode ser de 1 a vários meses. Uma vez concedida a residência, você vai receber um CPR number.

O CPR (Centrale Person Register nummer, ou Central Person Register number) seria o equivalente ao nosso CPF, o número de registro civil. Ele é, sem dúvida, o seu documento mais importante na Dinamarca. Sem ele, você não faz nada por aqui.

Por exemplo, você precisa ter o CPR para abrir uma conta no banco e alugar um imóvel – coisa básica quando se vai morar em um novo país, certo? Se você encontrar algum proprietário alugando um apartamento ou quarto sem um contrato formal, sem que você precise mostrar seu CPR, cuidado: pode ser golpe (scam, em inglês)! Sim, eles acontecem – e bastante – por aqui.

Leia também: Como eu vim parar na Dinamarca – ou a história de como eu não viajei o mundo

Língua

A língua oficial da Dinamarca é o dinamarquês, uma das 3 línguas nórdicas. Porém, para nossa alegria, todos falam inglês – mesmo! Falam bem e sem torcer o nariz.

Então, primeiro: se você quer morar na Dinamarca e ainda não fala inglês, comece por aí. O inglês por aqui é imprescindível, você usa para tudo.

“Ok, eu já falo inglês pelo menos em nível B2. Mesmo assim preciso aprender dinamarquês?” – você me pergunta.

Se você pretende viver no país a longo prazo, eu diria que sim, é bastante importante aprender a língua local. Só para citar algumas vantagens:

  1. Conseguir empregos melhores;
  2. Mais opções de cursos e universidades;
  3. Relacionar-se com mais pessoas locais;
  4. Entender melhor a cultura do país;
  5. Consumir mais conteúdo e eventos sócio-culturais locais;
  6. Sentir-se menos “pamonha” e isolado ao levar sua vida no dia a dia por não entender o que está escrito ou o que estão falando por aí.

Vejo como uma questão meio básica. Pensa em um estrangeiro que fosse morar no Brasil por muitos anos e não tivesse interesse em aprender português. Você não o veria com um olhar estranho? Tipo… “poxa, amigo, mas você mora aqui!”. Entendeu?

Sem falar a língua, seremos ainda mais outsiders do que já somos naturalmente. Digo por experiência própria que é bastante solitário viver em um lugar em cuja língua nativa você não é fluente.

Agora, se você pretende se candidatar à residência permanente ou à cidadania dinamarquesa, daí não tem conversa: é obrigatório falar dinamarquês.

“Então é impossível conseguir um trabalho sem falar dinamarquês?” – você me pergunta mais uma vez. Antes, na época que cheguei à Dinamarca (2016) e nos anos seguintes, era mais difícil. Após a pandemia, parece que começou a haver mais oportunidades. Vou falar disso melhor adiante.

Tipos de visto para morar na Dinamarca

Falamos muito em “visto” (visa, em inglês) quando o assunto é morar fora, mas a verdade é que na Dinamarca eles quase não usam esse termo. Tanto que não temos nada colado ou estampado em nosso passaporte.

O termo usado na prática, conforme já mencionado, é Residence Permit. Assim, para viver legalmente no país, o que você obtém é uma permissão de residência, que é baseada em uma atividade específica. Essa permissão vem na forma de dois cartões: um cor de rosa (sua “identidade”) e um amarelo (o seu CPR de fato, e também seu cartão de saúde).

Update 2023: o famoso “cartão rosa” agora não é mais rosa. Eles mudaram o layout do cartão de residência e agora é mais para cinza/azulado.

Veja a seguir as principais atividades que concedem visto (residência) na Dinamarca.

Work

Residência baseada em um emprego. Estamos falando aqui de trabalhos qualificados, onde se exige, como mínimo, um diploma de Bacharelado – e, não raro, anos de experiência.

Study

Residência baseada em estudos: ensino básico, médio, PhD ou estágio. Importante: cursos de línguas não dão direito a residência (aqui não é uma opção de lugar para estudar inglês, por exemplo).

Au Pair

Residência baseada em trabalho como baby sitter. No momento da candidatura, você tem que ter entre 18 e 29 anos e não pode ter começado uma família (não ser ou ter sido casado e/ou ter ou ter tido união estável; não ter filhos), dentre outros requerimentos.

Working Holiday Visa

O Working Holiday é um acordo feito entre países para que seus jovens possam conhecer outras culturas. Essa modalidade dá 1 ano de residência. O propósito primário da estadia é um período mais longo de férias, mas eles podem fazer cursos de curta duração e trabalhar por alguns meses.

Esse visto é muito bacana, mas infelizmente ele só está disponível para cidadãos dos seguintes países: Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Coréia do Sul, Japão e Nova Zelândia. Se você é jovem ainda (jovem ainda, jovem ainda) e tiver a sorte de ser cidadão também de um desses países, aproveite!

Family

Residência para acompanhantes familiares, tanto de cidadãos dinamarqueses, como de estrangeiros com permissão de residência.

Religious worker

Residência para trabalhadores religiosos, tais como clérigos, missionários, freiras ou monges.

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Como conseguir trabalho na Dinamarca

Se a sua maneira de ir morar na Dinamarca vai ser por meio do Residence and Work Permit, veja algumas dicas e informações básicas sobre conseguir trabalho.

Como morar na Dinamarca - Vistos e trabalho - 7 Cantos do Mundo

Positive List

O primeiro conselho que eu lhe dou é: verifique se a sua profissão está descrita na Positive List. Essa é uma lista das profissões que estão em falta no mercado dinamarquês, e para as quais o governo incentiva a contratação de estrangeiros.

Se você for da área de TI, sorte a sua: a Dinamarca tem muitas oportunidades em tecnologia. Mas muitas mesmo! Normalmente, só o inglês é mandatório, já que essas empresas têm um ambiente bem internacional. Ah, e de quebra, pagam bem.

Por outro lado, algumas profissões da Positive List exigem validação de diploma e dinamarquês, o que pode complicar um pouquinho a coisa. É o caso, por exemplo, de cargos na área da saúde (médico, enfermeiro, dentista).

Emprego qualificado, mas não na Positive List

A maneira mais fácil de conseguir um trabalho qualificado, mas que não está na Positive List é ter um bom QI (Quem Indica) – de preferência um dinamarquês. Dê um tapa no CV e no LinkedIn, ligue alerta de vagas, torça para surgirem vagas que não mencionem “Danish is a must, both written and spoken”, prepare uma boa Cover Letter (aqui ela é importantíssima) e comece a mandar candidaturas como se não houvesse amanhã.

Por que todo esse drama? Por alguns motivos muito simples: contratar estrangeiros é muito caro; eles têm que justificar para o governo por que estão contratando estrangeiros e não alguém local. Veja a sequência de coisas que precisam coincidir para uma empresa contratar um estrangeiro para uma vaga que não esteja na Positive List (ou seja, que sim tem mão de obra local): a empresa precisa 1) reconhecer que você tem a qualificação necessária para 2) uma vaga onde o dinamarquês não seja mandatório e 3) para a qual não haja nenhum outro candidato dinamarquês à altura naquele momento.

Entendeu o tamanho do problema?

Resumindo: conseguir trabalho aqui é muito difícil até mesmo para quem tem ensino superior e experiência na área, pois a língua é uma barreira na maioria dos casos.

Sites para procurar empregos

Tudo sobre vida e trabalho na Dinamarca, modelos de CV e Cover Letter no padrão dinamarquês e muito mais você encontra no meu novo curso. Clique aqui para ser informado do pré-lançamento (que será em breve)! 😀

Empregos em serviços

Sobre empregos em serviços (café, limpeza etc), turismo e hospitalidade, vamos lá: se a ideia é sair do Brasil sem nada garantido e tentar a sorte na Dinamarca, eu tenho um conselho: não faça isso.

Retome a situação que acabei de mencionar no item acima. Se para vagas qualificadas já é difícil que a empresa tope o “trabalhão” que é contratar um estrangeiro, imagina para empregos “mais simples”, que pagam pouco e que têm oferta de mão de obra de sobra. Eles simplesmente não contratam quem não tenha previamente a permissão de residência (isso é, eles não patrocinam o visto) para trabalhar no setor de serviços.

Ah, e muitas vezes (na maioria delas), até mesmo para empregos em serviços é preciso falar dinamarquês. Ou seja, só estamos em desvantagem.

É impossível? Não, não é. Mas não é fácil “só porque é um emprego ‘mais simples’ que não exige muita qualificação”. Entende?

E aí entra um outro problema: o custo de vida aqui é altíssimo! Então ficar sem um trabalho com um salário mínimo não é nada sustentável.

Cidadania europeia ajuda?

Com certeza!

Como cidadão europeu, você não precisa de um visto propriamente dito para viver e trabalhar na Dinamarca. Mas você precisa sim solicitar um CPR. Por sorte, o processo para se candidatar à residência como europeu é bem mais fácil e barato – no caso, grátis!

A condição para você solicitar o registro de residente na Dinamarca como cidadão da UE com base em trabalho é ter um contrato de trabalho que diga que o empregador oferece um mínimo de 10 a 12 horas semanais ou comprovação de que você tem recursos financeiros para se sustentar no país por pelo menos 12 meses, equivalentes a EUR 10.000.

Veja o passo a passo de como morar na Dinamarca com passaporte europeu

Eles dão um prazo de 6 meses para procurar trabalho. Mas não se engane: a questão da língua é um fator limitante para todos os não-dinamarqueses, independentemente de serem europeus ou não.

E trabalho ilegal, rola?

(Incluí este tópico porque, creiam-me, tem gente que pergunta)

Não preciso nem comentar, né? Por favor, não considere isso como opção.

Vejo como quase impossível uma pessoa permanecer ilegal a longo prazo na Dinamarca. Tudo é muito regulado, o governo tem todos os seus dados, ninguém te contrata se você não tiver um CPR, tampouco você consegue alugar um lugar para morar. Enfim, apenas não faça isso, para o seu próprio bem.


E aí, ficou alguma dúvida sobre como fazer para morar na Dinamarca? Deixe um comentário aqui que ficarei feliz em tentar ajudar! 🙂

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

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