Como NÃO fazer o primeiro mochilão pela Europa

Como NÃO fazer o primeiro mochilão pela Europa - 7 Cantos do Mundo

O primeiro mochilão a gente nunca esquece!

Este mês vai fazer 6 anos (Oh God!) que eu parti para o meu intercâmbio em Portugal, onde fiz um estágio remunerado como parte do programa – muito bacana, aliás – da IAESTE. Terminado o período de trabalho, fui fazer o meu tão sonhado primeiro mochilão! 😀

Primeiro mochilão - Europa - 7 Cantos do Mundo

O início! Primeiro voo do meu primeiro mochilão

E como toda primeira coisa que a gente faz na vida, claro que eu cometi alguns equívocos – olha eu usando um eufemismo para não dizer que fui mirim, naïve, júnior, beginner total!

Mas ué, eu fui mesmo. Super iniciante. Adivinha só: até a gente ir e fazer alguma coisa, a gente nunca fez essa coisa antes. Há!

Mas, mesmo os erros sendo plenamente justificáveis, acho super válido comentá-los por aqui; afinal, não é porque “o erro faz parte do aprendizado” que todo mundo tem que cometer os mesmos erros. Se o outro já errou por nós, nós não precisamos repeti-lo. Não é?

Para minha sorte, minha amiga da faculdade que estava morando na Alemanha (por um programa também da IAESTE) estaria comigo pelo menos em 2/3 do tempo, e ela é muito boa de roteiros e planejamentos! Acho que isso me salvou…

Mas mesmo assim, se eu fosse planejar hoje um mochilão para a Europa, certamente prestaria atenção aos itens que vou mencionar, e faria uma série de coisas de maneira diferente.

É importante saber também o que NÃO fazer…

A gente vê muitas dicas sobre como planejar o primeiro mochilão. Mas eu nunca tinha ouvido ninguém falar sobre o que NÃO fazer! Sobre os possíveis erros que podemos cometer sem querer querendo – normalmente por inexperiência. E, convenhamos, dicas e toques de quem já passou por algum perrengue nunca são demais, né?

Não me entenda mal, não é focar no que pode dar errado, não é isso. É pre-cau-ção. É otimizar ao máximo a sua experiência. E você vai ver que são coisas bobas até – mas que fazem diferença no fim das contas.

Claro que as opiniões aqui podem ser inúmeras e muito diferentes da minha. Essas foram as principais coisas que eu aprendi na pele, e que eu recomendo fortemente levar em consideração ao se planejar um mochilão pela Europa.

Vamos lá?

O meu roteiro

Só pra você saber mais ou menos como foi a minha correria o meu roteiro, em 32 dias eu passei pelas seguintes cidades, o que me deu algo como 2-3 dias em cada uma delas (com exceção de Paris, onde só lá fiquei cerca de 7 dias):

  • Barcelona
  • Roma
  • Veneza
  • Viena
  • Praga
  • Berlim
  • Munique
  • Amsterdã
  • Bruxelas
  • Bruges
  • Paris
  • Bordeaux

OBS: não considerei Portugal aqui, pois visitei várias cidades enquanto morava no Porto, ao longo de três meses. Eram viagens curtas, a maioria de fim de semana, então não entraram no meu mochilão.

Não vá no inverno

Por três motivos muito simples:

  1. Muita coisa bacana está fechada para manutenção. Exemplo: andar mais alto da Torre Eiffel. Pois é, não subi lá na pontinha, só no meinho 🙁
  2. As paisagens ficam menos atraentes, o dia é mais curto, e o sol (se houver) é mais pálido;
  3. Em algumas cidades, faz frio demais nas ruas (cheguei a pegar -15°C), é bastante desconfortável para passear o dia inteiro. Os pés doem, as orelhas, o nariz, as mãos… tudo dói! Você mal consegue acompanhar um Free Walking Tour sem só ficar pensando qual é a loja mais próxima em que você pode entrar e pedir um chocolate quente!

Não queira fazer check-in no maior número de cidades possível

Por outros três simples motivos:

  1. É cansativo demais! Cansa ter chegado ontem à noite num lugar e já ter que pensar na logística de ter que pegar o trem amanhã de manhã para a próxima cidade. Isso aconteceu  o tempo todo no meu primeiro mochilão;
  2. Você fica com muito pouco tempo para conhecer as atrações turísticas disponíveis. Sério, 2-3 dias foram MUITO POUCO para a maioria das cidades em que estive. Que dirá então vivenciar a cultura, a língua, etc… Sem chance!
  3. Querer “conhecer” o maior número de cidades possível te dá pouca flexibilidade, e por consequência pouca folga de tempo para imprevistos e oportunidades. Então, por exemplo, se acontecer de você ficar presa, sozinha, um dia inteiro no aeroporto esperando seu vôo atrasado – aconteceu comigo em Barcelona, tentando ir para Roma, no dia 24 de dezembro 🙁 – o restante do seu roteiro não estará comprometido, porque você consegue adiá-lo ou adaptá-lo, sem problemas.

Este erro muita gente comete – vide eu. É normal! A gente quer abraçar o mundo, a vida é curta, e na Europa é tudo tão perto!… Mas calma lá, prefira aproveitar com tempo e qualidade. Certamente lhe custará menos e lhe renderá memórias com mais, digamos, profundidade.

Não compre lembrancinhas para todo mundo que você conhece

Mochileiros de primeira viagem podem cair na pegadjénha de “ter que” comprar presentinhos para o amigo, pai, mãe, irmão, sobrinha, tia, avó, cachorro, vizinha, papagaio… Tipo, não. Não precisa.

Não sou a louca dos presentes (na verdade, sou bem ruim com isso), mas no meu primeiro mochilão eu ainda tinha a mentalidade de que eu tinha que levar “pelo menos um negocinho” de cada lugar para os familiares e amigos. Sério, quem inventou isso? De onde tiraram que isso é legal?

Sabe aquele chaveirinho da Torre Eiffel mega original #sqn que seu primo te trouxe? E aquela caneta super batuta da lojinha do museu X que você nem lembra em que cidade fica, e que nem escreve mais?

Convenhamos, quão úteis e significativos são realmente esses trecos que a gente ganha? Aposto que a maioria do que você ganhou está perdido por aí, senão no lixo. Você acha que quem ganhar os seus ilustres presentes vai colocá-los em um pedestal dourado? I don’t think so!

Calma, as pessoas ainda te amam, e elas sabem que vocês as ama!  Não é a (ausência de) lembrancinha de viagem que vai mudar isso.

Então, meu caro mochileiro de primeira viagem, a não ser que você veja muito significado por trás do que pretende comprar, e/ou que o presenteado seja uma pessoa muito especial – que justifique o peso que você vai carregar e o cuidado que terá que ter até a volta pra casa – apenas não compre. Supera!

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Não leve livros enormes e/ou desnecessários

No meu primeiro mochilão, eu levei o guia Europe on a Shoestring (p* livro enorme!) e – pasmem – dicionários! Sim, mais de um: um de inglês e um de francês; ok, não eram grandes, mas eu acabei não usando, logo carreguei mais peso à toa… 😛

Fala sério, né?

Fala sério, né? 😛

“Tudo bem, Laura, não seja tão injusta consigo mesma, eram tempos de ausência de Smart Phones” (sério, como nós sobrevivíamos?). Mas ainda assim, dava para otimizar a bagaça: eu poderia, sei lá, ter tirado xerox das páginas do guia que me interessavam, ou ter anotado no meu caderninho (ah é, ainda tinha um caderninho!). E definitivamente não precisava ter levado os dicionários! Ai ai, sou tão nerd às vezes que até eu me surpreendo…

Enfim, hoje em dia, com todos os nossos ultra-modernos gadgets, isso de buscar dicas, se localizar e traduzir coisas não é mais tão problema, né? Ainda bem!

Mas levar um livro (que você VÁ LER) é super válido, é claro! Você vai ter várias chances para isso: avião, conexões, trem, ônibus, momentos de solitude em algum parque bonito… Um Kindle aqui é ideal! Nem sei se isso já existia em 2010, mas mesmo que existisse, eu como uma pessoa super tecnológica #sqn desconhecia…

Não use uma mochila grande demais

Novamente, um motivo simples: não precisa. Quanto maior a mochila, mais tralha a gente enfia nela e, consequentemente, mais pesada ela fica. E se você for menina então, o desconforto é ainda maior, pois nós costumamos ser mais baixinhas, e aí a mochila acaba sendo quase maior do que a gente!

E adivinha se a gente usa tudo o que leva?? Isso mesmo, a resposta é: não. Não usa. Não sei por que a gente insiste em achar que vai precisar de um monte de opção de roupa. A gente precisa de tão pouco pra viver e ser feliz! Na hora do “vamovê”, a gente quer é usar o que é confortável, e de preferência aquela roupa que já está meio suadinha, pra não ter que sujar a outra limpa! (Quem nunca?)

Nota mental: Aproveita e favorita a Lista-Coringa para consultar quando for organizar seu primeiro mochilão! 

Sem contar que você pode acabar pegando trechos de vôo de companhias low cost, e elas só são low cost se você não despachar bagagem. Despachar uma mala (de até 20 kg, se não me engano) muitas vezes acaba saindo mais caro do que a própria passagem! – e aí o baixo valor pago pelo bilhete deixa de fazer sentido.

Vamos ao meu caso: Ok, era inverno, as roupas são mais volumosas e mais pesadas, blá blá blá. Mas dava pra ser menor, a mochila não precisava ser de 70 litros! Acho que de 40-60 L já estaria de boníssimo tamanho. Ah, sem contar que a minha mochila de ataque, que eu levava na frente, era muito grande também… era uma mochila daquelas escolares, e abarrotada de coisa! (Lembra dos presentinhos, do guia enorme, dos dicionários….?)

Não compre o Eurail Pass para vários países sem estudar o roteiro e fazer contas

O Eurail Pass é aquele passe que tem um valor único e te permite pegar vários trechos de trem dentro de uma área de países determinada, durante um período de tempo definido.

Parece a solução de todos os seus problemas, não? Bem, pela minha experiência, constatei que não é tão lindo assim. Veja só:

O passe que abrange um número maior de países, permite até 15 trechos e dura 2 meses é caro pra chuchu: na época eu paguei € 560 (incluindo taxas), em tempos de Euro a R$ 2,40. Mesmo considerando esta cotação de 6 anos atrás, bem melhor do que a de hoje, ainda acho que colocando na ponta do lápis, não valeu a pena.

Por que? Porque eu não usei os 15 trechos (na real, usei metade) – e isso considerando, como já disse, que eu pipoquei de cidade em cidade a cada 2-3 dias! Me parece meio irreal fazer 15 deslocamentos em trem, em um mochilão de uma duração média aí de 20 a 30 dias… Leve em conta ainda que você pode conseguir um vôo de € 5 em uma companhia low cost aqui, pegar um ônibus e/ou uma carona ali, e pronto, já não compensa mais o passe.

A não ser que você possa de fato ficar os 2 meses permitidos pelo bilhete, queira fazer todos os trajetos obrigatoriamente de trem, e, claro, estude bem a fundo o seu roteiro e conclua que vale sim a pena. Mas daí você também fica muito engessado, sei lá… Eu acho que hoje eu, Laura, não compraria este passe.

Pensa comigo: se você vai evitar ir para o maior número de lugares possíveis (para conhecer mais e melhor cada lugar), você não vai fazer inúmeros deslocamentos, certo? Para trajetos curtos, mais “concentrados” em uma mesma região, ele acaba ficando muito caro.

Ah, importante! Além do alto valor do passe por si só, você é obrigado a pagar reservas à parte em vários trechos – principalmente os maiores, a exemplo dos trens noturnos: se não reservar, você não viaja, e o valor mínimo da reserva pode ser tão alto quanto € 27.

Existem outros passes mais baratos, que abrangem um número menor de países, daí estes podem até compensar, mas – novamente – tem que estudar bem o roteiro e fazer contas, contas, contas!

Enfim, toda experiência é um aprendizado

Cometi erros de principiante? Muitos. Faria diferente hoje? Certamente. Voltaria atrás e mudaria o que fiz? De maneira nenhuma!

Com frio, com peso, com logística ruim, etc etc etc, não importa: valeu demais essa experiência! Amei meu primeiro mochilão! Falo dele até hoje com o maior orgulho!

Bom, você viu as fotos. Nem foi tão ruim assim, né? 😉

E eu também não apenas cometi erros, oras bolas! Era iniciante, mas sempre fui inteligente e sensata (e modesta, pelo visto). Mas esse assunto fica para um próximo capítulo!

Experimente fazer o seu primeiro mochilão pela Europa, mesmo sendo inexperiente. Mas, claro, anote (#notamental) essas dicas, que então você já tem um primeiro passo dado! 🙂

Primeiro mochilão - Europa - 7 Cantos do Mundo

Levar apenas duas calças para mais de 30 dias dá nisso aí 😛

GRATIDÃO 

 Data da trip: Dezembro de 2010 / Janeiro de 2011.

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

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