Checklist de viagem: o que levar na mochila para a trilha Kungsleden

Decidir o que levar na mochila para a trilha Kungsleden não é algo trivial. Afinal, estamos falando de uma caminhada de 440 km! Qualquer quilo a mais nas costas faz diferença. Sua lista do que levar tem que ser bem enxuta e detalhada, para não carregar peso extra desnecessariamente – e também para não passar nenhum grande perrengue.

Eu fiz o meu checklist com bastante cautela para a expedição que aconteceu em agosto de 2017, mas claro que sempre dá para melhorar. Vou compartilhar o que eu levei na minha mochila para a Kungsleden, e onde eu acertei e onde errei, para lhe ajudar a fazer o seu próprio checklist.

O que levei na mochila para a Kungsleden

Primeiro: a mochila

Utilizei a mochila Thule Capstone feminina de 50 litros. A mochila foi fornecida pela marca como apoio à expedição. Ela é elegante, de material resistente, tem um espaço interno bom, com abertura em zíper na lateral (de modo que você não precisa tirar tudo para pegar algo no fundo).

Só acho que a barrigueira dela é um pouco estreita, o que não permitiu que o peso se concentrasse devidamente em meu quadril, e acabou forçando um pouco os meus ombros.

O peso médio dela variou entre 14 e 16 kg ao longo da expedição, incluindo 1 litro de água.

Checklist de viagem: o que levar na mochila para a trilha Kungsleden

Organização

Só para detalhar o que usei para organizar a mochila:

  • 4 sacos-estanque: 1x 35L, 2x 5L, 1x 8L
  • 2 necessaires (higiene e eletrônicos)
  • 1 bolsa organizadora (roupas)
  • 1 “envelope” plástico (papéis, documentos, diário)

Vestuário

Acredito que eu tenha sido bastante minimalista com as roupas na minha mochila para a trilha Kungsleden, principalmente considerando que a nossa estimativa inicial para conclusão da trilha era de mais de 30 dias!

O que eu levei:

  • Bota Salomon (sempre no pé)
  • Papete (nos abrigos)
  • Conjunto calça + jaqueta impermeável Solo (para caminhada)
  • Jaqueta de fleece Solo
  • 1 calça legging com bolsos Go Live (para caminhada)
  • 2 camisetas manga longa Solo (para caminhada)
  • 1 camiseta manga longa (para dormir)
  • 1 camiseta manga curta The North Face (para caminhada)
  • 1 camiseta térmica (segunda pele)
  • 1 calça térmica (segunda pele, para dormir)
  • 2 tops
  • 3 calcinhas
  • 1 shortinho
  • 3 pares de meias para caminhada (Quechua e Solo)
  • 1 biquíni
  • 1 par de luvas
  • 1 Buff (lenço versátil, multiuso, de lã de merino)

O número de peças de roupas em geral foi ok. Tenho apenas 2 comentários:

1) O biquíni acabou se mostrando desnecessário, já que o pessoal por lá vai na sauna como veio ao mundo. Acho que usei só na primeira e talvez segunda sauna; depois eu entrei no clima e fui ser feliz peladona.

2) Sobre as calças: adoro legging, e a da Go Live é excelente! Mas… qualquer legging na Lapônia no verão não é uma boa ideia. Por que? Porque há infinitos mosquitos! Muitos, mas muitos mesmo! Fui totalmente devorada nos primeiros dias. E não só quando parava, mas durante a caminhada também. Eles são atraídos por cor escura, e picam através da malha da legging. Para evitar ser mais picada, passei a usar somente a calça de chuva da Solo. Todos os dias. Ela começou a se desmanchar por dentro! Senti falta de ter levado uma calça própria para hiking, sabe? Eu a teria substituído pela legging.

Na segunda metade de agosto, já estava bem mais frio, com temperaturas próximas (ou até abaixo) de zero à noite, e abaixo de 5°C pela manhã. Creio que eu não tenha estado super bem preparada para essas temperaturas com as roupas que tinha – basicamente: a segunda pele e o fleece (a jaqueta era fina, somente para chuva). Se você vai iniciar a trilha Kungsleden mais para essa época, recomendo investir em roupa mais quente.

O shortinho foi ótimo! Usei embaixo da calça, para evitar assaduras e para que eu pudesse me trocar à vontade, já que era difícil ter privacidade nas cabanas.

Higiene

Os itens de higiene eram todos pequenos, e levei em uma necessaire ótima da Lowe Alpine.

  • Escova de dente, 2 mini tubinhos de pasta de dente, fio dental
  • Kit de 3 potes de silicone com: shampoo, condicionador e sabonete líquido
  • 4 potes de sabão multiuso biodegradável Sea to Summit
  • 1 potinho com Higicalcinha (sabão para lavar roupa íntima)
  • 1 potinho com protetor solar
  • 1 desodorante roll-on
  • 1 toalha de microfibra pequena Sea to Summit
  • 1 toalha de microfibra média Sea to Summit
  • 3 pacotes de lenços umedecidos Sea to Summit
  • 1 pacote de lenços íntimos femininos
  • 1 potinho de álcool em gel

As quantidades de produtos de higiene foram razoavelmente bem dosadas. Claro que o shampoo não deu, acabei usando o sabão multiuso da Sea to Summit para lavar o cabelo alguns dias na sauna.

O Higicalcinha é melhor para lavar as calcinhas, por ser um sabão próprio para isso, claro, mas vejo que eu poderia ter ficado apenas com o mesmo sabão multiuso, que também utilizei para lavar as coisas de cozinha e as demais roupas.

O pote de protetor solar de 80 ml foi demais, voltou quase intocado. Pegamos dias de sol “de queimar” somente nos primeiros dias; e, no fim, o que fica exposto mesmo e necessita de protetor é o rosto – e para ele eu tenho um protetor específico, que guardo no estojinho de lente de contato, e durou a viagem toda.

As duas toalhinhas de microfibra foram excelentes, super úteis! A pequena usava para rosto e mãos, e a média usei para banho nas saunas, e não senti falta de ter uma grande.

Equipos

Alguns dos equipamentos para acampar foram divididos entre eu e o Elias (Portal Extremos).

  • Saco de dormir Deuter Astro Pro 600 SL (conforto: -5°C para mulheres; peso total: 1,2 kg)
  • Isolante térmico inflável Sea to Summit
  • Travesseiro inflável Sea to Summit
  • Kit de reparo Sea to Summit
  • Saco-estanque e para inflar o isolante térmico Sea to Summit
  • Bastão de caminhada de carbono Komperdell C3
  • Barraca The North Face (Elias)
  • Conjunto de cozinha de silicone Sea to Summit: chaleira, bowl, copo
  • Talher 3 em 1: colher, faca e garfo
  • 2 cartuchos de gás
  • Fogareiro (Elias)
  • Isqueiro
  • Esponja de cozinha
  • Pano de microfibra (para limpeza em geral)
  • Mini-faca retrátil

Segurança e navegação

  • Conjunto de 6 mapas da trilha
  • GPS Garmin (Elias)
  • Rastreador via satélite Spot (Elias)
  • Apito

Acabamos não utilizando o GPS. Não se fez necessário, já que a trilha Kungsleden é bem demarcada. Apenas com os mapas, estudando no dia anterior como seria o dia seguinte, ficamos seguros de realizar a caminhada.

O Spot foi nosso fiel companheiro: todo fim de caminhada, o Elias enviava um sinal de que estava tudo bem, e nossos familiares recebiam um e-mail com essa informação.

Eletrônicos

Organizei todos os eletrônicos dentro de uma única necessaire, e super recomendo fazer isso! Antes eu levava essas coisas em saquinhos plásticos, e ficava uma bagunça, o saco rasgava, enfim. A bolsinha organiza melhor e protege mais.

  • iPhone 5S
  • GoPro Hero 5 Black (com cartão de memória de 64 GB)
  • 3 baterias para GoPro
  • Mini tripé
  • 2 Power Banks de 13.000 mAh cada um + 1 Power Bank de 10.400 mAh
  • Cabos/carregadores

Os 3 power banks foram mais que suficientes para carregar o celular e a GoPro nos 440 km da trilha Kungsleden. O trecho inicial foi o mais crítico, pois ficamos 8 dias direto sem acesso a eletricidade. E mesmo assim não cheguei a ficar perto de ficar sem bateria.

Note que com o frio (sim, no verão lá já faz frio), as baterias tendem a durar menos, então é melhor deixar o celular ou a câmera junto ao corpo, para manter aquecido.

Alimentação

  • 35 sachês de café preparados em casa (filtro de chá com café em pó)
  • Várias barras de frutas e cereais
  • Mix de castanhas e chips de banana
  • Algumas refeições liofilizadas

Como a Kungsleden possui boa estrutura, é possível comprar comida a cada 2 dias, mais ou menos, nas lojinhas dos abrigos (comida liofilizada ou enlatada, ok?). Assim, não é necessário carregar uma grande quantidade de alimento para muitos/todos os dias, o que tornaria a mochila muito mais pesada. Eu mesma, sem conhecer e prevenida que sou, levei mais do que precisaria para começar a trilha.

Não fossem as lojas, acredito que essa mochila de 50 litros seria pequena para carregar uma grande quantidade de comida. Reparei que pessoas que estavam levando sua própria comida para todos os dias de trilha (o que certamente é mais econômico) possuíam mochilas bem maiores e mais pesadas do que as nossas. Um casal chegou a comentar que a mochila deles estava com mais de 30 kg!

Sobre os cafés… eu não sabia se as lojinhas teriam café para vender, então resolvi garantir o meu (viciada, eu?). 😬

Saúde

  • Kit de primeiros socorros com fitas para bolhas, antisséptico, cobertor de emergência, dentre outros

Graças ao bom Sr. Universo, não houve maiores incidentes. Onde me machuquei mais feio (e não foi feio) foi na cozinha de uma cabana, em que arranquei um tampo das costas da minha mão direita ao raspá-la na pia, e fiquei com uma cicatriz funda até hoje. 😛

Nem bolhas eu tive, acredita? Terminei os 440 km da Kungsleden com saldo de zero bolhas!

Documentos e afins

  • Passaporte
  • Cartão de residência da Dinamarca
  • Cópia da apólice do seguro viagem
  • Diário de viagem
  • Tabela impressa com o itinerário da trilha

Variados

  • Mochilinha dobrável de tecido Newfeel
  • Óculos escuros
  • Lanterna de cabeça
  • Tela mosquiteira para cabeça Sea to Summit
  • Corda
  • Mosquetões
  • Bandeira do Brasil

Essa tela mosquiteira é engraçada. Mas olha que foi útil, viu?! Houve uns momentos ali que pelamordedeus, não se podia sentar na varanda da cabana para descansar no fim da tarde que você já era devorado pelos mosquitos sanguinários, querendo entrar em todos os seus orifícios!

A corda acho que acabei não usando, mas sempre levo. Lanterna é totalmente indispensável, já que não há luz nos abrigos, e a de cabeça é mais prática. Mas não faça que nem eu, que levou a lanterna sem vergonha que ganhou em uma corrida de rua noturna; 😛 compre uma potente, adequada a esportes outdoor.

Foi basicamente isso que levei na minha mochila para a trilha Kungsleden. O que você tiraria ou levaria a mais? Conte-me aqui nos comentários! 🙂

Nota: O projeto da travessia da Kungsleden foi idealizado pelo Portal Extremos. Eu fui convidada, após um processo de seleção, e participei somente como acompanhante. Recebemos apoio de diversas marcas, mas não remuneração. Todos os custos da viagem foram pagos por mim.

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

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