Muita gente fica curiosa e me pergunta como é viver na Dinamarca. Peço licença a Tom Jobim para parafraseá-lo:

Morar no exterior é bom, mas é uma merda. Morar no Brasil é uma merda, mas é bom.

Curso Como morar na Dinamarca - Laura Sette - 7 Cantos do Mundo

A verdade é que é mais ou menos por aí mesmo. É bom morar na Dinamarca? É. É tudo lindo e maravilhoso? Não. Nem tudo é um mar de rosas – como tudo na vida, né?

Resolvi escrever este post para contar um pouquinho mais sobre como é a vida na terra dos Vikings. Procurei combinar informações que pesquisei com a minha experiência pessoal de 3 anos vivendo em Copenhague. Como tal, é uma visão parcial da realidade.

Então, se você também vive por aqui e tem uma percepção diferente da minha, tá tudo bem 🙂 Ficarei feliz se você quiser compartilhar conosco aqui nos comentários.

Como é viver na Dinamarca

Como morar na Dinamarca - Vistos e trabalho - 7 Cantos do Mundo

Vou contar como é viver na Dinamarca sob vários aspectos. Alguns parecerão mais positivos, outros, nem tanto. O que é vantagem ou desvantagem é muito relativo e pessoal, então deixo estas conclusões a critério do leitor.

Muitos dos dados citados neste post foram tirados do livro O Segredo da Dinamarca, de Helen Russell (que, aliás, super recomendo a leitura!).

Clima

Já perdi as contas de quantas vezes já mencionei o clima quando falo sobre a Dinamarca. É sempre assunto, fato. Afinal, não tem como esse clima gélido e maluco, que recebe o úmido sistema frontal ocidental do Reino Unido e os ventos orientais da Sibéria, passar despercebido a um ser humano – que dirá um ser advindo dos trópicos!

O verão na Dinamarca é bom, claro. Muitas horas de luz (os dias chegam a ter 17h30 de duração em junho e julho) e temperaturas agradáveis, às vezes quentes. Porém, no restante do ano, o bicho pega.

O inverno na Dinamarca nos obriga a ficar dentro de casa à base de muitos livros, chocolate e Netflix. O frio e o escuro lhe deixam muito tempo em casa – e, às vezes, sozinho. Não vou mentir, esse período de hibernação é longo e difícil.

Não é para menos que cerca de 40% da população dinamarquesa têm deficiência de vitamina D no inverno, e que eles têm a maior taxa de uso de antidepressivos da Europa, segundo a OCDE.

Como é viver na Dinamarca - Prós e contras de viver em Copenhague - Vida no exterior - 7 Cantos do Mundo
Caminhando sobre as águas congeladas dos lagos no centro de Copenhague, como em um dia qualquer 😛

Leia também: Como morar na Dinamarca: tipos de visto e como conseguir trabalho

Língua

A língua oficial da Dinamarca é o dinamarquês, considerada a 9ª mais difícil do mundo, segundo a Unesco. Olha, pela minha experiência, ela tem razão. É difícil pra chuchu mesmo!

Aprender dinamarquês até um nível aceitável para trabalho, convívio social e cultural (ou seja, não menos que praticamente fluente) requer muita, mas muita dedicação! São muitas horas na semana durante cerca de 2 anos para completar o curso e fazer a prova chamada PD3 – o que, veja bem, não significa que você estará fluente e desenrolando o seu dinamarquês por aí, pronto para ingressar no mercado de trabalho e/ou fazer amizades.

A gramática da língua é razoavelmente simples. Porém, a pronúncia é uma desgraça. Se você vir algo escrito e tentar pronunciar, grandes são as chances de que você fale bem diferente do que deveria ser – e a recíproca é verdadeira. São praticamente duas línguas diferentes: a escrita e a falada!

Não bastasse a língua ser difícil por si só, ela é uma grande barreira para a sua vida aqui, principalmente para conseguir trabalho.

Como é viver na Dinamarca - 7 Cantos do Mundo
Até mesmo os dinamarqueses zombam da sua própria língua 😛

Nota: Apesar de não ser língua oficial do país, todo mundo na Dinamarca fala inglês super bem!

Bicicleta

Não tem como falar da vida na Dinamarca sem mencionar a bicicleta. A magrela é o meio de transporte mais utilizado por aqui, independentemente de classe social. De fato, há mais bicicletas do que gente na capital do país!

Viver em Copenhague é adotar a bike como seu meio primário de locomoção, faça sol, chuva, frio (e que frio!) vento (e como venta!) ou neve. Aqui não tem desculpa: a cidade é toda plana, há ciclofaixas em praticamente todas as ruas e avenidas, semáforos exclusivos, e os veículos respeitam os ciclistas.

Apenas cuidado para você, enquanto ciclista, respeitar as regras de trânsito: “dar seta” com a mão quando for virar, levantar a mão quando for parar, e não usar o telefone enquanto pedala. Não beber (muito) antes de pegar a bike também pode ser uma boa ideia 😛

Quanto custa viajar para Copenhague - Dinamarca - 7 Cantos do Mundo
Magrela way of life

Leia também: Como eu vim parar na Dinamarca – ou a história de como eu não viajei o mundo

Custo de vida

Um dos aspectos que mais chama a atenção sobre a Dinamarca é o custo de vida, que é bastante alto. Sim, os salários também são altos (sendo o salário mínimo praticado em média de 120 kr ou € 16 por hora), é verdade. Mas mesmo ganhando na moeda local, viver aqui é caro.

Apenas para se ter uma ideia: um aluguel de um apartamento pequeno, porém bem localizado, no centro de Copenhague pode chegar a custar 15.000 kr ou € 2.000 por mês. Isso significa muitas e muitas horas de trabalho apenas para pagar o aluguel!

Mas… e se você tem um emprego mais simples? E se você trabalha só meio período? E se você é freelancer e trabalha para uma empresa do Brasil? E se você não tem renda, ou tem renda inconstante? E se você tem filho(s)?

Pense que o que se ganha mensalmente tem que ser suficiente não apenas para sobreviver, mas para viver! Para se divertir, passear, comer, beber – e, claro, viajar. Se você não está “bem” empregado na Dinamarca, manter essas atividades de lazer pode ser um desafio.

Impostos altos

A Dinamarca está entre os países com impostos mais altos do mundo, ficando atrás somente da Bélgica e Alemanha. Eles começam em 36% para os salários mais baixos e chegam a ser quase 56% na maior faixa salarial.

Ok, os impostos são de fato convertidos em benefícios à população, então nem se pode reclamar muito (e os dinamarqueses de fato não reclamam). Mas que pesa no bolso, pesa. Leve em conta isso ao avaliar possíveis propostas de trabalho. Sempre pense no valor líquido (o “after taxes” – o valor “depois dos impostos”).

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Identidade cultural e integração

A Dinamarca sempre foi um país pequeno, e historicamente não houve muita migração, então existe uma identidade comum dinamarquesa, e as pessoas aqui gostam e defendem as tradições.

Isso faz com que os dinamarqueses sejam bastante fechados em sua cultura, não se abrindo muito para estrangeiros e novos amigos.

O que não quer dizer que eles não sejam simpáticos, pois sim, eles são! Porém, isso não significa que eles vão super se abrir para você, querer saber tudo da sua vida, contar tudo da deles, te convidar pra jantar em casa, ou para “passar pra um cafezinho”. É difícil fazer amizades com locais na Dinamarca.

Brincam que os dinamarqueses nasceram com apenas 5 fichas de amizade, e que eles as gastam logo nos primeiros anos de vida.

A maneira deles se relacionarem socialmente também é diferente, e às vezes estranho, para nós (apesar de eu, depois de 3 anos, já ter adotado este sistema hehe).

Eles costumam ser muito organizados com compromissos – até demais. Se não está na agenda, não existe. Se você convidar alguém para um café, ele dificilmente responderá como um brasileiro típico: “Claro! Vamos marcar qualquer dia”. Ele provavelmente dirá que “está ocupado até a semana 38, mas que na semana 40 ele tem um horário disponível na quinta-feira, às 17:30”. E aí o seu café está marcado. E compromisso aqui é levado a sério!

Em resumo é isso: a cultura nórdica é muito diferente da brasileira, e a gente sente isso como um baque. Falta espontaneidade, “quentura”, malemolência, borogodó, ziriguidum, balacobaco.

Isso que o brasileiro tem acho que só o brasileiro tem.

Álcool e cigarro

Apesar de pedalarem sempre e fazerem bastante exercício físico, os dinamarqueses fumam e bebem muito! Desde, inclusive, muito cedo. Não é incomum ver jovens certamente menores de idade com um cigarro na mão e uma cerveja na outra.

De fato, segundo a OMS, a Dinamarca está entre os povos que mais bebem na Europa, e os adolescentes dinamarqueses bebem quase o dobro do que os outros europeus de sua idade.

O consumo de tabaco foi considerado um fator determinante para aproximadamente 14 mil mortes por ano na Dinamarca – e estamos falando de um país com 5,6 milhões de habitantes apenas. Ademais, mulheres aqui têm os mais altos índices de câncer de pulmão do mundo.

Governo

Monarquia

Rainha Margrethe II ao lado de seu marido, o Príncipe Henrik (falecido em 2018), e seus dois filhos: à esquerda, o Príncipe Frederik (herdeiro do trono) com sua esposa, a Princesa Mary, e à direita, o Príncipe Joachim com sua esposa Marie

A Dinamarca é uma monarquia constitucional com regime democrático parlamentar. A rainha Margarida II (Margrethe II, em dinamarquês) é a chefe de estado, e quem realmente manda é a Primeira-Ministra, junto com o Parlamento.

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Palácio de Christiansborg, sede do Parlamento dinamarquês e escritório da Primeira Ministra

A Dinamarca é considerada o país menos corrupto da União Europeia, e uma pesquisa revelou que 77% da população está satisfeita com a forma de governo do país.

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Palácio de Amalienborg, residência da família real dinamarquesa

O estado de bem-estar social

O estado de bem-estar social foi implantado em 1950, garantindo igualdade econômica e social a todos os cidadãos. Isso é possível em uma sociedade que tem como base a confiança. As pessoas confiam nas outras, inclusive em seus representantes.

Os políticos têm uma reputação surpreendentemente boa na Dinamarca, pois eles realmente pensam no cidadão e trabalham para ele. Os políticos são vistos como “pessoas normais”, e não são endeusados como em outros países. Andam de bicicleta e usam o transporte público como qualquer outra pessoa.

Altos impostos = benefícios

Os dinamarqueses aceitam que devem pagar altas taxas de impostos porque confiam que o governo irá usar o dinheiro deles sabiamente e fazer o que é certo”.

Apesar dos altíssimos impostos que se pagam na Dinamarca, e da variação ser grande (de 36 a 56% do salário bruto), o país escandinavo tem o menor índice de desigualdade de renda entre todos os países da OCDE.

O estado oferece à população um sistema de seguridade social, assistência médica gratuita, educação gratuita (incluindo a universidade), programas de creche e pré-escola subsidiados e um seguro-desemprego que garante a todos 80% a 90% do salário durante dois anos em caso de demissão.

Além disso, trabalhadores gozam de 5 semanas de férias pagas, com possibilidade de tirar mais dias não pagos, e 1 ano de licença maternidade/paternidade, que pode ser dividida entre a mãe e o pai como lhes convier.

O mais interessante aqui é que mudar de emprego não tem nenhum efeito sobre o direito a aposentadoria e às férias remuneradas. Isso porque esses direitos ficam “com o governo”, e não com o seu empregador. Ou seja, você pode sair de um emprego com férias pendentes, e utilizá-las (as férias que foram acumuladas no período de 1 ano no emprego anterior) no seu novo trabalho tranquilamente.

Isso reduz muito os obstáculos para se mudar de emprego, e assim os dinamarqueses mudam de carreira relativamente fácil. Afinal, o estado garante os mesmos benefícios e a mesma quantidade de dias de descanso.

Work-life balance

De acordo com a OCDE, a Dinamarca ocupa o primeiro lugar em equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, seguida de perto pela Holanda, Noruega e Bélgica.

A semana de trabalho oficial na Dinamarca é de 37 horas, sendo uma das menores da Europa. De uma maneira geral, aqui não se pratica a cultura da hora extra, não se olha feio para quem sai “mais cedo” (leia-se: no horário acordado em contrato) do escritório.

É bem comum sair do trabalho pelas 16:00 – no verão, até mesmo às 15:00, o que no verão significa que você ainda tem 6 a 8 horas de sol para aproveitar! Ademais, a família é bastante valorizada, de modo que faltar ou sair mais cedo por motivos familiares não tem qualquer prejuízo para o seu salário ou emprego.

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Saúde

A Dinamarca investe 12% do PIB em assistência médica, que é para todos. É verdade que o sistema público de saúde é universal e gratuito. Porém, isso não quer dizer que temos o melhor atendimento médico por aqui.

Uma coisa sobre viver na Dinamarca que chama a atenção de forma um pouco negativa, principalmente a nós brasileiros, é que aqui não existe a cultura de fazer consulta de rotina, o tal do check-up. Não se pratica a medicina preventiva.

As pessoas só vão ao médico se estão de fato doentes. É preciso uma enfermidade aparente, um sintoma forte – ou uma encenação bem dramática – para conseguir alguns exames básicos como de glicemia e colesterol. Outros exames que para nós é relativamente comum de se fazer como rotina, aqui somente se fazem em casos muito específicos onde o médico tem evidências suficientes para investigar o seu problema – ah sim, precisa existir um problema prévio.

Cada pessoa tem o seu médico, que é um clínico geral alocado pelo governo de acordo com o seu endereço. Se você precisa passar com um especialista, esse seu médico precisa dar um encaminhamento formal – o que ele só vai fazer se julgar que é necessário.

Se você tiver sorte de pegar um médico legal, ele pode até “quebrar essa pra você” e te encaminhar ao especialista que você quer. Mas não é o que mais vejo acontecer por aqui – comigo inclusive.

Mas novamente: você precisa ter um problema. Não é para menos que a Dinamarca tem altos índices de morte por câncer.

Por exemplo, o Papanicolau, que fazemos todo ano no Brasil, na Dinamarca se faz a cada 3 anos.

É possível ter um atendimento melhor com planos de saúde privados, é claro, aqui também existe isso.

Transporte público

Como funciona o transporte público em Copenhague - Dinamarca - 7 Cantos do Mundo

O que falar sobre o transporte público na Dinamarca? De maneira resumida: funciona lindamente!

Quando não dá para ir de bicicleta em Copenhague, você pode ir para qualquer lugar de ônibus, trem ou metrô. Aliás, o metrô acabou de inaugurar (no dia 29/09/2019) a sua mais nova linha: a linha M3, vermelha, um anel conectando várias estações e dando a volta no centro da cidade. Está incrível!

Leia também: Como funciona o transporte público em Copenhague?

Educação

A Dinamarca tem creche e pré-escola subsidiados pelo governo. A educação básica e universitária são gratuitas para dinamarqueses. Os estudantes do ensino superior podem se candidatar para receber uma bolsa de auxílio do governo, o SU.

Segurança

A Dinamarca é um país absolutamente seguro para todos. Eu, como mulher, nunca me senti insegura por aqui, fosse no horário ou local que fosse.

Isso significa que é um país livre de violência? Claro que não. Mas o que acontece aqui não chega nem aos pés de qualquer país sul americano, por exemplo. Existe também o tráfico de drogas e brigas entre gangues – esporadicamente levando a um conflito armado. Mas são acontecimentos pontuais.

Há, entretanto, uma coisa bastante comum de acontecer em Copenhague: roubo de bicicleta. Não deixe sua bicicleta destrancada em hipótese alguma. E se ela for muito cara, tenha certeza de pará-la em um lugar muito seguro e prendê-la muito bem com um bom cadeado. É real, roubam mesmo. Toda semana fico sabendo de mais um que teve sua magrela afanada.

Em locais mais movimentados no centro podem acontecer também furtos rápidos (os famosos pickpockets) e pequenos golpes. Acho que lugar nenhum no mundo está isento desse tipo de coisa.

Sustentabilidade

A Dinamarca é um país bastante eco-friendly. Cerca de 30% da eletricidade consumida no país vem do vento – que tem de sobra por aqui!

A separação do lixo para reciclagem é levada a sério: em todos os edifícios há contêineres para cada tipo de material reciclável, que são coletados semanalmente.

As latas de alumínio, garrafas PET e algumas garrafas de vidro são entregues para reciclagem em máquinas nos supermercados, que devolvem o valor pago por aquelas embalagens (de 1 a 3 kr).

Além disso, em Copenhague, cada residência recebe um cestinho e um conjunto de saquinhos biodegradáveis para depósito de materiais orgânicos. Esse “lixo” tem um coletor especial nos prédios, e é utilizado para compostagem para produção de fertilizantes e biogás.

“O governo dinamarquês tem como objetivo reduzir em 40% as emissões de CO2 até 2020, e o ministro do meio ambiente traçou o objetivo coletivo de chegar a uma “Dinamarca sem lixo” até 2050 – quando eles esperam que absolutamente tudo seja reutilizado ou reciclado”.

Cerca de 30% da energia elétrica do país vem de turbinas eólicas

Design

Cadeira do famoso designer dinamarquês Arne Jacobsen

O design é um assunto muito importante e presente na Dinamarca. Você talvez já tenha ouvido falar de nomes internacionalmente famosos como o arquiteto e designer Arne Jacobsen (da famosa poltrona Egg), a lenda da iluminação Poul Henningsen e os fabricantes de móveis Hans Wegner e Finn Juhl.

De fato, a decoração das casas é bonita e elegante, ainda que minimalista e utilizando muitos materiais naturais. Os dinamarqueses valorizam muito o design de interiores, já que, pelo menos durante uns bons meses do ano, passam muito tempo dentro de casa, e precisam que ela seja agradável e aconchegante.

Além disso, ao contrário de vários outros lugares da Europa, os apartamentos costumam ser espaçosos, com janelas amplas e varandas.

Ou seja, um dos prós de morar na Dinamarca é que você possivelmente terá uma casa ampla e bonita!

Alimentação

No geral, come-se bem na Dinamarca. Quero dizer, os alimentos que encontramos no mercado costumam ser de boa qualidade, há uma boa variedade de vegetais, e muitos são orgânicos.

Uma coisa que chama a atenção de muitos brasileiros é que os dinamarqueses comem muitos pratos frios, como sanduíches e saladas. Um dos pratos mais tradicionais do país é o smørrebrød, o chamado sanduíche aberto. Trata-se de uma fatia de pão de centeio com toppings variados; come-se no prato, de garfo e faca.

Smørrebrød, o prato tradicional dinamarquês

Os dinamarqueses são famosos pelos seus doces de padaria. E não é para menos, eles são mesmo uma delícia! Não deixe de provar o kanelsnegle, o rolo de canela. Eu particularmente também amo a versão dinamarquesa do bolo de cenoura, com creme branco ao invés de chocolate na cobertura.

Ponto negativo é que não encontramos certos tipos de alimentos típicos de regiões tropicais com os quais estamos acostumados, ou, se encontramos, não têm o mesmo sabor que gostaríamos. Alguns exemplos: palmito, mandioca, mandioquinha, chuchu, maracujá, abacaxi, mamão, outros tipos de banana além da nanica.

Ponto positivo é que outras coisas que costumam ser caras no Brasil e/ou difíceis de achar, aqui tem em toda esquina, como por exemplo as frutas berries (morango, mirtilo, framboesa, amora), aspargos, cogumelos variados, dentre outros.

Para quem gosta de carne, bem, tenho uma má notícia: é caro ser carnívoro na Dinamarca! Principalmente a carne de boi.

Fun fact: na Dinamarca há mais porcos do que gente! (a população é de 5,7 milhões de pessoas)

Leia também: Onde comer em CopenhagueDa rua ao gourmet

Liberdade de ser

A maioria das pessoas na Dinamarca é bastante liberal em vários sentidos. Um dado curioso e que possivelmente justifique que os dinamarqueses sejam “cabeça aberta” é que uma parcela muito pequena da população é religiosa. Uma pesquisa revelou que apenas 3% da população vai à igreja regularmente, e que um em cada cinco dinamarqueses se identifica como ateu ou ateia.

“Existe um grande sentimento de liberdade pessoal na Dinamarca. O país é reconhecidamente progressista, foi o primeiro país do mundo a legalizar o casamento gay e o primeiro país europeu a permitir a mudança de sexo sem esterilização. A Dinamarca foi o primeiro país europeu a abolir a escravidão e tradicionalmente é uma nação progressista na questão da igualdade entre os gêneros, admitindo mulheres no Parlamento desde 1918”

As pessoas se vestem como querem, se relacionam como e com quem querem, se portam nas ruas como querem, sem serem julgadas por isso. Até mesmo a nudez aqui é algo super normal – você vê pessoas tomando sol peladonas na praia, nas saunas, trocando de roupa aqui e ali, sem o menor problema.

“A educação sexual é obrigatória desde os anos 1970, e aos 6 anos as crianças dinamarquesas aprendem como são feitos os bebês durante um evento curricular chamado “Semana do Sexo”, que acontece todo mês de fevereiro. Além disso, a idade legal para se fazer sexo consensual na Dinamarca é 15 anos”.

Na Dinamarca você sente total liberdade de ser você mesmo, seja lá o que você for, sem ser julgado por isso, e aprende a respeitar a liberdade de ser do outro.

Feminismo

A Dinamarca é um dos países de maior igualdade de gênero do mundo. Isso vem desde os primeiros anos de vida das crianças. Meninos e meninas são tratados de forma igual e têm as mesmas oportunidades na escola.

“Na Dinamarca, Jeg kan gøre det selv ou ‘Eu posso fazer isso sozinha’ é algo que elas aprendem desde que começam a falar. O que tem sido definido tradicionalmente como sendo ‘trabalho da mulher’ é tão valorizado aqui quanto o que tem sido tradicionalmente definido como sendo ‘trabalho do homem’ – e ambos os sexos fazem um pouco de cada

Isso reflete também as relações pessoais. Aqui, os pais (homens) cuidam tanto das crianças e da casa quanto as mulheres. Eles não ajudam, eles se responsabilizam pelo que é, e sempre foi, papel deles também.

Algumas das conquistas femininas na Dinamarca incluem:

  • As mulheres foram admitidas nas universidades dinamarquesas em 1875
  • O aborto foi legalizado em 1973
  • A igualdade salarial foi conquistada em 1976
  • As mulheres representam mais de 40% do parlamento dinamarquês
  • O sufrágio universal foi conquistado em 1915, junto com a Islândia, e após a Finlândia (1906) e a Noruega (1913). A Suécia veio em seguida, em 1919

Um dos poucos museus de história das mulheres do mundo fica em Aarhus, a segunda maior cidade da Dinamarca.

Hygge

O hygge é um dos principais conceitos dinamarqueses. Essa palavra, que não tem tradução exata para nenhuma outra língua, representa o ato de curtir um ambiente quentinho e aconchegante, à luz de velas, com um livro, um café, um vinho, um bom papo, enfim, aproveitando o momento em boa companhia – ou solo.

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Fun fact: Os dinamarqueses acendem mais velas per capita do que qualquer outro país do mundo, e queimam 6 quilos de velas por ano!

É um tipo de Carpe Diem, que envolve viver o agora, curtir o momento. Não deixa de ser um bom exercício de presença e aprender a apreciar a alegria das pequenas coisas, não é? 🙂

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Laura Sette

Paulistana, leonina, Manifestadora Esplênica 3/5 e a doida do autoconhecimento. Comecei a viajar e não quis parar mais! Já morei em 5 países. Acredito que a vida é muito mais do que viver em um único lugar para pagar boletos. Em 2016, saí da Matrix e vivo no fluxo por aí. Viajo, escrevo, me expresso como der na telha e levo a vida com bom humor. Troquei uma carreira corporativa para viver uma vida mais autêntica e explorar os 7 Cantos do Mundo! Vamos juntos?

Comente! :)

10 ComentáriosDeixe um comentário

  • Laura, estou amando seu blog. Estou me preparando para a médio prazo viver na Dinamarca com meu marido e meus dois filhos pequenos. Trabalho em uma empresa dinamarquesa e estou me preparando para uma oportunidade de transferência. Estou a louca das planilhas para saber quanto será meu custo fixo e quais as despesas que eventualmente vou ter com a mudança. Obrigada pelas suas postagens!

  • Laura, parabéns!! Você descreveu tudo o que eu estou presenciando ha um ano aqui. Tem um ponto que gostaria de falar contigo que não foi mencionado, mas teria que ser privado.

  • Adorei como abordou o assunto, foi bastante esclarecedor. Pra mim o grande fator limitante é ficar o inverno todo trancada sem ter amigos para dar risada. Bom… veremos o que o futuro aguarda né?! Adorei conhecer seu site, vai ser de grande ajuda.

  • […] Vida no exterior: Como é viver na Dinamarca O que fazer em Copenhague? Um guia completo! Quando ir a Copenhague? Descubra qual a melhor época! Onde ficar em Copenhague? Uma seleção dos melhores hostels! 7 coisas bacanas (e gratuitas) para fazer em Copenhague Como NÃO fazer o primeiro mochilão pela Europa Lista-coringa: o que levar em (quase) todo tipo de mochilão […]

  • Oi Laura. Me chamo Lucio e sai do Brasil há 3 anos, vivi no Canada e agora vivo nos Estados Unidos. Estou começando a namorar a Europa e a Dinamarca me chama muito a atenção. Pesquisando sobre achei o seu blog. Amei as informações e o jeito bem humorado que vc escreve. Também amei descobrir o hygge ! Sempre fiz isso a minha vida toda e agora descobri que tem um nome para isso! Sensacional. Obrigado e sucesso!

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